A semana começou com a Polícia Judiciária a realizar buscas relacionadas com a privatização da TAP em 2015, um processo que gerou muitas controvérsias. No entanto, a situação atual é bem diferente, com três grandes grupos da aviação europeia – Air France-KLM, Lufthansa e IAG – a manifestarem formalmente interesse na venda de uma participação minoritária na companhia.
O timing das investigações do Departamento Central de Investigação e Ação Penal levanta questões sobre a justiça em Portugal, especialmente considerando que estas diligências ocorrem dez anos após a privatização anterior. Contudo, ao contrário do que aconteceu em 2015, a privatização da TAP tem tudo para correr bem desta vez.
Em 2015, a TAP enfrentava uma situação financeira crítica, com capitais próprios negativos de 600 milhões de euros e uma tesouraria que mal permitia o pagamento de salários e fornecedores. A venda foi feita sob pressão, com a Atlantic Gateway de David Neeleman e Humberto Pedrosa a serem os únicos interessados. O negócio envolveu um acordo com a Airbus que trouxe 227 milhões de dólares à TAP, mas agora está sob a mira do Ministério Público.
Atualmente, a TAP apresenta um cenário muito mais favorável. Desde 2022, a companhia tem gerado lucros e as perspetivas para este ano são igualmente positivas, apesar de uma ligeira deterioração no resultado operacional. O investimento na frota, que agora é mais moderna e eficiente, e a forte presença no Brasil, onde detém 22% das ligações com a Europa, são fatores que atraem os investidores.
Diferente da privatização anterior, que contou com empresários de menor escala, agora a TAP está a atrair a atenção de gigantes da aviação. A sua posição dominante no aeroporto de Lisboa, onde controla cerca de 50% dos slots, e a aposta no mercado brasileiro são trunfos que a empresa pode utilizar para garantir um futuro sustentável.
A privatização da TAP não é apenas uma venda; é uma oportunidade para transformar a companhia e torná-la mais rentável, aproveitando as sinergias que a integração num grupo maior pode proporcionar. No entanto, a narrativa do fracasso começa a emergir, com vozes de diferentes quadrantes políticos a exigirem a devolução dos 3,2 mil milhões de euros que os contribuintes injetaram na companhia.
Essa exigência levanta questões sobre a viabilidade da privatização, uma vez que a venda de apenas 49,9% da TAP dificulta a recuperação desse investimento. Mesmo que a metade da companhia valha 700 milhões, ainda faltariam 2,5 mil milhões. A realidade é que não há dividendos suficientes para cobrir essa quantia.
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privatização da TAP Nota: análise relacionada com privatização da TAP.
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Fonte: ECO





