COP 30: Ambição Climática em Debate na Amazónia

A 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, realizada em Belém, no coração da Amazónia, atraiu a atenção de dezenas de milhares de pessoas, incluindo delegações oficiais, indígenas e ativistas. A COP 30 centrou-se em dois pilares fundamentais: mitigação e adaptação. Estes conceitos são interligados, pois visam reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e, ao mesmo tempo, fortalecer a resiliência das comunidades e ecossistemas mais vulneráveis à crise climática.

Durante a conferência, foram anunciados diversos programas de apoio à biodiversidade marinha, à agricultura sustentável e à proteção de ecossistemas costeiros. Um dos principais objetivos foi triplicar o financiamento para a adaptação climática, especialmente pelos países mais desenvolvidos, de forma a apoiar as medidas necessárias para aumentar a resiliência nos países mais afetados. Além disso, foi criado um mecanismo de “just transition”, que visa proteger os direitos dos trabalhadores e das comunidades indígenas durante a transição energética global.

No entanto, apesar das boas intenções expressas, o resultado final da COP 30 foi uma combinação de promessas, meias-medidas e declarações simbólicas. A preservação do sistema multilateral foi considerada essencial para manter o consenso global, mas as decisões tomadas revelaram-se vulneráveis à pressão de interesses económicos e geopolíticos.

Um dos principais pontos de discórdia foi a transição dos combustíveis fósseis, que acabou por ser excluída do acordo final. Embora mais de 80 países e várias organizações tenham solicitado um “roadmap” para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, o documento final não incluiu compromissos vinculativos, propondo apenas uma rota voluntária fora do âmbito oficial da ONU.

Além disso, o tema da floresta perdeu destaque. A proteção das florestas e dos ecossistemas tropicais ficou dependente de um plano voluntário paralelo, e o fundo de 25 mil milhões de dólares para a preservação resultou em apenas 6,6 mil milhões em promessas concretas.

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Dos 2 500 representantes indígenas presentes, apenas 360 tiveram acesso à Blue Zone, o espaço onde se negociam e decidem os textos oficiais. Este facto evidencia que a inclusão simbólica não se traduz em poder real. Por outro lado, cerca de 1 em cada 25 participantes representava a indústria de combustíveis fósseis, superando a soma das delegações de vários países vulneráveis.

Se mitigação e adaptação são, de facto, faces da mesma moeda, resta saber se as promessas e os compromissos simbólicos serão suficientes. Sem mecanismos claros de distribuição, calendários rigorosos e prestação de contas, a COP 30 deixou em aberto a questão de se a intenção sem ação será suficiente para enfrentar a crise climática. Entre promessas e contradições, a conferência mostrou caminhos, mas reforçou que a ação é imprescindível.

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COP 30 Nota: análise relacionada com COP 30.

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Fonte: Sapo

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