Portugal está bem posicionado para assumir a liderança na transição energética na Europa, graças aos recursos naturais disponíveis e ao crescente envolvimento da sociedade civil na agenda ambiental. Esta afirmação foi feita por Nelson Lage, presidente da ADENE – Agência para a Energia, durante a conferência “Revolução Energética em Curso”, promovida pelo Jornal Económico.
Embora existam condições favoráveis, os intervenientes no evento sublinharam que é necessário mais do que isso. É preciso agir com urgência. O ex-secretário de Estado João Galamba enfatizou que “é preciso urgência” para que o país avance nas suas metas de descarbonização.
Atualmente, a produção hidroelétrica em Portugal representa 27% da eletricidade total gerada, mas o setor acredita que é possível aumentar ainda mais este potencial. David Rivera, country manager da Iberdrola em Portugal, destacou que o governo deve decidir sobre o armazenamento de energia hidroelétrica, em vez de depender apenas de soluções de curto prazo, como as baterias.
Um exemplo significativo é o projeto Tâmega da Iberdrola, que envolve um investimento de cerca de 1,5 mil milhões de euros em barragens. Este projeto não só demonstra a capacidade de Portugal em competir nos mercados internacionais, mas também contribui para a competitividade do sistema elétrico nacional. Rivera afirmou que “as energias renováveis têm um valor económico” e que é fundamental criar condições que garantam previsibilidade nos investimentos.
A questão da previsibilidade foi também abordada por Carlos Ferraz, CEO da Atlante Portugal, que alertou para a morosidade dos processos burocráticos. A empresa, que opera no carregamento rápido de veículos elétricos alimentados por energias renováveis, destacou a necessidade de regulamentação para a mobilidade elétrica, que está pendente até ao final do ano. Ferraz expressou preocupação com a falta de estabilidade, essencial para atrair investimentos num mercado ainda em desenvolvimento.
Para acelerar o aproveitamento das oportunidades, João Galamba defendeu que o país precisa de “urgência” para melhorar a eficiência e a autonomia energética. Ele alertou que, sem uma ação rápida, Portugal poderá perder as vantagens competitivas que possui atualmente. A interligação das redes com Espanha exige que o país avance rapidamente, especialmente nas áreas solar e eólica.
Ferraz também mencionou a oportunidade no setor de carregamento de carros elétricos, onde Portugal apresenta números mais favoráveis em comparação com Espanha. “As empresas tendem a investir onde há este tipo de mercados”, afirmou.
A urgência e a ação são, portanto, cruciais para garantir que as autoridades tenham a clareza necessária para coordenar a política energética e económica. Galamba criticou a postura de algumas entidades, como a Agência Portuguesa do Ambiente, que, ao criticar promotores de projetos, podem prejudicar a confiança dos investidores. “É uma tragédia para o país e um milagre as pessoas quererem continuar a investir”, concluiu.
A confiança dos investidores é difícil de conquistar, mas pode ser facilmente perdida, alertou David Rivera. A urgência na implementação de políticas eficazes é fundamental para que Portugal possa maximizar o seu potencial nas energias renováveis.
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Fonte: Sapo





