O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, anunciou esta segunda-feira que o país se distanciará de um grupo de chefes de Estado que se deslocará à Guiné-Bissau para tentar mediar a atual crise na nação vizinha. A decisão foi justificada por Neves com a necessidade de considerar as relações históricas entre os dois países.
“Alguns chefes de Estado deverão deslocar-se à Guiné-Bissau. Nós, após uma avaliação mais cuidadosa da situação, decidimos distanciar-nos da comissão de mediação, tendo em conta as relações históricas entre Cabo Verde e Guiné-Bissau. Desejamos o melhor para que se consiga ultrapassar este momento de crise política”, afirmou o Presidente, conforme citado pela Rádio de Cabo Verde.
Neves sublinhou que Cabo Verde continuará a contribuir para a resolução da crise na Guiné-Bissau no âmbito da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental). “Vamos continuar a dar a nossa contribuição no quadro da CEDEAO para a resolução desta situação de golpe de Estado”, acrescentou.
O chefe de Estado recordou que Cabo Verde e Guiné-Bissau partilharam uma luta comum pela libertação do regime colonial português, o que torna a situação ainda mais sensível. Por isso, Neves considera que é prudente que Cabo Verde não se envolva demasiado nesta questão neste momento, de modo a poder oferecer uma contribuição mais abrangente na CEDEAO.
Neves anunciou que estará presente em Abuja no dia 14 para participar numa cimeira da CEDEAO, onde espera discutir os resultados da primeira deslocação dos chefes de Estado à Guiné-Bissau. “Não queremos imiscuir-nos nos assuntos internos da Guiné-Bissau, nem comentar ou analisar esta situação, para não complicar o quadro negocial”, afirmou.
A crise na Guiné-Bissau intensificou-se após um golpe militar a 26 de novembro, que destituiu o Presidente Umaro Sissoco Embaló, levando à suspensão da divulgação dos resultados das eleições gerais realizadas a 23 de novembro. O general Horta Inta-A foi empossado como Presidente de transição e nomeou Ilídio Vieira Té, ex-ministro de Embaló, como primeiro-ministro.
As eleições decorreram sem incidentes, mas sem a participação do principal partido da oposição, o PAIGC, e do seu candidato, Domingos Simões Pereira. Este último apoiou Fernando Dias da Costa, outro candidato opositor, que reivindicou a vitória na primeira volta. A detenção de Simões Pereira e a ascensão dos militares ao poder têm sido denunciadas pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.
O golpe militar foi amplamente condenado pela comunidade internacional, resultando na suspensão da Guiné-Bissau da CEDEAO e da União Africana até que a ordem constitucional seja restabelecida. A crise na Guiné-Bissau continua a ser uma preocupação para os países vizinhos e para a comunidade internacional.
Leia também: A importância da CEDEAO na resolução de crises políticas na África Ocidental.
crise na Guiné-Bissau crise na Guiné-Bissau Nota: análise relacionada com crise na Guiné-Bissau.
Leia também: Lucro da Vista Alegre desce 33,8% para 2,5 milhões até setembro
Fonte: Sapo





