A Guiné-Bissau enfrenta um momento crítico, com o seu futuro político e militar a depender das decisões que serão tomadas na cimeira da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO), marcada para 14 de dezembro. Esta informação foi divulgada pelo Governo de transição guineense, que se encontra sob a liderança de um Alto Comando Militar desde o golpe de Estado de 26 de novembro.
Hoje, uma delegação da CEDEAO reuniu-se com os líderes militares que assumiram o poder. No final do encontro, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, e o seu homólogo da Serra Leoa, Timothy Mussa Kabba, que preside à CEDEAO, fizeram um balanço da situação. Vieira destacou que o Governo de transição e a CEDEAO continuarão a colaborar, mas que os próximos passos dependerão do que for decidido na cimeira.
“Foi definido um prazo de um ano para a transição, mas isso será discutido na conferência de chefes de Estado e de Governo a 14 de dezembro. A partir dessa decisão, saberemos como proceder”, afirmou o ministro em resposta a perguntas dos jornalistas.
O novo chefe da diplomacia guineense, que tomou posse recentemente, sublinhou que a CEDEAO não abandonará a Guiné-Bissau neste momento delicado e que trabalharão em conjunto para restaurar a ordem constitucional o mais rapidamente possível. Além disso, Vieira anunciou que a delegação da CEDEAO se reunirá com a Comissão Nacional de Eleições (CNE) para obter informações sobre o estado do processo eleitoral.
A questão dos detidos nos últimos dias, incluindo políticos da oposição, também foi abordada. O ministro confirmou que a CEDEAO está preocupada com a libertação imediata desses indivíduos e que o Alto Comando Militar se comprometeu a encontrar soluções para resolver a situação rapidamente.
A reunião foi considerada “muito produtiva” pelos dois ministros, que destacaram a oportunidade que o Alto Comando Militar teve para explicar as razões do golpe de Estado. A CEDEAO manifestou a sua disponibilidade para continuar a colaborar com a Guiné-Bissau.
Atualmente, a Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO e da União Africana, resultado do golpe que destituiu o Presidente Umaro Sissoco Embaló e suspendeu o processo eleitoral. As eleições gerais, que ocorreram sem incidentes a 23 de novembro, levaram à reivindicação de vitória por parte do candidato da oposição, Fernando Dias, um dia após as votações.
Na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau precedeu a tomada de poder pelos militares, que nomearam o general Horta Inta-A como Presidente de transição. Este anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló, como primeiro-ministro e ministro das Finanças.
No último sábado, foi empossado um novo Governo de transição, que inclui membros do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado. A oposição denuncia o golpe como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.
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Fonte: Sapo





