A economia espacial emergiu como um dos pilares fundamentais da sociedade contemporânea. As comunicações, a logística, as transações financeiras e a segurança nacional estão cada vez mais dependentes da infraestrutura de satélites e dos dados que estes fornecem. No atual cenário geopolítico, os sistemas espaciais são cruciais para garantir a autonomia e a estabilidade da Europa, além de apoiarem a proteção civil e a tomada de decisões em missões de paz. Assim, a prosperidade das nações europeias está intrinsecamente ligada à economia espacial.
Apesar do seu potencial, a economia espacial ainda não atinge todo o seu esplendor. A nível global, projeta-se que este setor ultrapasse o bilião de euros até 2040, impulsionado por aplicações downstream e serviços baseados em dados e automação, suportados por Inteligência Artificial (IA). As novas oportunidades no espaço serão viabilizadas por estas tecnologias emergentes, e o sucesso de empresas em setores não espaciais dependerá da sua capacidade de integrar a economia espacial como uma vantagem competitiva.
Com a criação da sua agência espacial nacional e a participação ativa nos programas da Agência Espacial Europeia (ESA), Portugal tem evoluído de um papel periférico para se tornar um fornecedor fiável de tecnologias e serviços especializados. Nos últimos 20 anos, o país tem reforçado a sua posição no ecossistema espacial, contribuindo para áreas como a observação da Terra, aplicações marítimas, navegação e segurança espacial. Estas áreas são agora essenciais para as necessidades económicas e estratégicas da Europa.
Os pontos fortes de Portugal destacam-se especialmente nas áreas de software e gestão de dados. O país desenvolveu competências em IA, automação e análise comportamental, capacidades que são fundamentais para gerir a crescente congestão da órbita terrestre baixa. A trajetória de várias empresas portuguesas ilustra como a inovação local pode contribuir para a liderança europeia em áreas críticas.
Entretanto, a Europa, incluindo Portugal, enfrenta desafios significativos. A aversão ao risco é elevada, e os fundos de capital de risco raramente veem o setor espacial como uma área estratégica. Além disso, os processos de contratação pública são frequentemente lentos, e as instituições públicas tendem a adquirir “projetos” em vez de “produtos”. Estas barreiras limitam o crescimento das empresas e atrasam a transformação da excelência tecnológica em impacto económico.
Superar estes obstáculos exige características que Portugal possui: agilidade, abertura à adoção de novas tecnologias e coragem para liderar. O país tem a oportunidade de moldar uma economia espacial europeia mais dinâmica e competitiva. O caminho está delineado e as bases estão lançadas. A transformação destas fundações em liderança nos mercados que definirão as próximas décadas é uma meta clara.
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Fonte: ECO





