A LusoSpace, uma empresa portuguesa dedicada ao desenvolvimento de satélites, já colocou um satélite da Constelação Lusíada em órbita e tem planos ambiciosos para o futuro. O CEO, Ivo Vieira, revelou que a empresa pretende ter 50 satélites a orbitar a Terra dentro de cinco anos, com o objetivo de melhorar as comunicações marítimas. Neste momento, a LusoSpace está a levantar 500 mil euros através da plataforma GoParity para impulsionar este projeto.
Ivo Vieira explicou que, atualmente, a empresa está a preparar o lançamento de 12 satélites, mas pretende adicionar pelo menos mais quatro com diferentes órbitas para garantir uma cobertura mais abrangente. O projeto da Constelação Lusíada requer um investimento total de 15 milhões de euros, dos quais 10 milhões são provenientes da Agenda New Space do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Estamos a trabalhar com várias fontes de financiamento, incluindo autofinanciamento e capital de risco. Em dezembro, esperamos receber uma ronda de um milhão de euros”, afirmou Ivo Vieira. Através da GoParity, a LusoSpace já conseguiu angariar mais de 170 mil euros de 135 investidores.
Os satélites da Constelação Lusíada vão oferecer serviços baseados em dois sistemas: o AIS (Automatic Identification System) e o VDES (VHF Data Exchange System). O sistema AIS permite que os navios emitam sinais de identificação e posição, que são captados pelos satélites e enviados para entidades como seguradoras e investidores. Ivo Vieira estima que este serviço possa gerar cerca de oito milhões de euros anuais.
Por outro lado, o VDES oferece uma comunicação bidirecional, permitindo o envio de mensagens e ficheiros, o que poderá transformar a forma como a comunidade marítima partilha informações sobre condições meteorológicas e segurança no mar. O CEO acredita que este “Waze dos oceanos” pode gerar receitas na ordem dos 100 milhões de euros.
Além do uso civil, a Constelação também terá aplicações militares. A LusoSpace já iniciou testes com a Marinha Portuguesa para a utilização do sistema VDES, que oferece vantagens em termos de segurança e encriptação. “Para a Marinha, ter uma constelação nacional é uma questão de soberania nas suas telecomunicações”, sublinhou Ivo Vieira.
A LusoSpace, que conta com uma equipa de cerca de 35 pessoas, tem registado um crescimento médio anual de 20% na faturação, prevendo alcançar cinco milhões de euros em receitas até ao final do ano, impulsionada pelo PRR. O CEO vê com otimismo o futuro do setor espacial em Portugal, especialmente com o aumento do investimento na Agência Espacial Europeia (ESA), que poderá beneficiar as empresas portuguesas.
“Com o aumento do financiamento, as empresas poderão desenvolver produtos e capacidades na área da defesa a partir do espaço, o que é crucial para a economia de defesa nacional”, concluiu Ivo Vieira.
Leia também: O futuro da indústria espacial em Portugal.
Leia também: Angola inaugura maior parque fotovoltaico autónomo da África Subsaariana
Fonte: ECO





