A competição entre os construtores automóveis europeus e chineses está a intensificar-se, especialmente no mercado de carros elétricos. A mais recente batalha teve lugar em Munique, durante o Salão Internacional da Mobilidade (IAA), um dos maiores eventos do setor na Europa. Este ano, das 748 empresas presentes, 116 eram chinesas, um aumento de 40% em relação à edição anterior. Este crescimento é um sinal claro da ambição chinesa, com marcas como a BYD, GAC, Changan e Hongqi a destacarem-se.
Enquanto isso, os fabricantes europeus estão a recuar do mercado chinês, que é o maior do mundo em veículos elétricos, mas que enfrenta uma feroz guerra de preços. Em busca de melhores margens, os construtores chineses estão a ganhar quota de mercado na Europa, que quase duplicou no primeiro semestre de 2023, passando de 2,7% para 4,8%, segundo a JATO Dynamics. A consultora McKinsey prevê que os fabricantes chineses possam alcançar uma quota de 9%, igualando-se assim aos coreanos, e até 14% no futuro, em comparação com as marcas japonesas.
Apesar das tarifas impostas pela Comissão Europeia, a China vê a Europa como um mercado estratégico. Xing Zhou, da consultora AlixPartners, afirmou que “as tarifas não vão travar os chineses”. Este otimismo é partilhado por muitos, mas os construtores europeus não estão a ficar parados. Oliver Blume, CEO da Volkswagen, declarou que a indústria europeia está a “passar à ofensiva”.
Os fabricantes europeus estão a investir em novos modelos com tempos de carregamento mais rápidos, maior autonomia e sistemas de entretenimento mais atrativos. Além disso, estão a oferecer preços mais competitivos, com marcas como Volkswagen, Audi, Stellantis e Renault a apresentarem novidades no salão. O evento deixou de ser uma mera vitrine do futuro para se tornar um palco de soluções práticas e imediatas.
A União Europeia lançou um Plano de Ação Industrial que inclui um investimento de 2,8 mil milhões de euros para apoiar os fabricantes de baterias e promover a investigação e desenvolvimento. Ola Källenius, CEO da Mercedes, destacou que a indústria automóvel alemã está a investir como nunca, com um olhar atento ao futuro.
Para os construtores europeus e a vasta rede de fornecedores, esta é uma batalha crucial. Estão a ser pressionados por preços baixos vindos da China, que afetam a sua rentabilidade, e pelas tarifas de 27,5% impostas durante a administração de Donald Trump, que, embora reduzidas para 15%, continuam a ser um obstáculo significativo. O mercado europeu torna-se, assim, vital, mesmo em face de desafios como a revisão de objetivos ambientais e a transição para a eletrificação.
A situação é crítica, como afirmou Stéphane Séjourné, vice-presidente executivo da Comissão Europeia, ao referir que a indústria automóvel europeia está em “perigo mortal”. Os construtores europeus têm expressado estas preocupações em reuniões com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O terceiro “Diálogo Estratégico sobre o Futuro da Indústria Automóvel” está agendado para esta sexta-feira, em Bruxelas, na sequência do IAA.
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Fonte: Sapo