As eleições autárquicas deste ano podem marcar o início de um novo movimento político em Portugal, com a possibilidade de formação de um partido que una os candidatos independentes que atualmente governam várias câmaras municipais. Exemplos notáveis incluem Isaltino Morais, em Oeiras, e Sérgio Costa, na Guarda, ambos recandidatos e associados à AMAI (Associação Nacional Movimentos Autárquicos Independentes).
João Campolargo, presidente da AMAI e autarca independente em Ílhavo, revelou que a decisão de avançar para a criação do “Partido AMAI” será tomada após uma análise que ocorrerá após 12 de outubro. Este ano, 1.105 movimentos independentes estão a concorrer, um aumento de 70 em relação a 2021, onde conquistaram 19 câmaras e mais de 400 freguesias.
Os candidatos independentes têm um foco claro no municipalismo, pretendendo estar presentes nas autarquias e freguesias. No entanto, a AMAI não tem planos de se expandir para o governo central neste momento. Campolargo destacou que têm exemplos de autarcas independentes de sucesso, como Rui Moreira e Santana Lopes, que, apesar de terem ligações a partidos, mantêm a sua independência.
A previsão para 12 de outubro é otimista, com a possibilidade de aumentar o número de câmaras e freguesias conquistadas. Campolargo expressou a esperança de que os partidos políticos reconheçam a importância dos grupos de cidadãos eleitores para a democracia, uma vez que trazem novas ideias e juventude à política local.
No entanto, os candidatos independentes enfrentam desafios significativos. Campolargo mencionou que os partidos têm gerado desconfiança e hostilidade em relação aos movimentos independentes, questionando a validade das assinaturas e criando um ambiente de incerteza. Ele relatou casos em que candidatos independentes foram questionados sobre a legitimidade das suas listas, o que contribui para um clima de desconfiança.
Apesar das dificuldades, Campolargo acredita que os grupos de cidadãos eleitores são tão válidos para a democracia quanto os partidos tradicionais. Ele reconhece que há uma fragilidade nas relações entre independentes e partidos, especialmente quando ex-militantes de partidos formam movimentos independentes após serem preteridos nas eleições.
A falta de estrutura e apoio que os partidos oferecem é uma das principais dificuldades enfrentadas pelos candidatos independentes. A AMAI está consciente da necessidade de se organizar melhor para competir em pé de igualdade com os partidos estabelecidos. A expectativa é que, com o tempo, os movimentos independentes consigam consolidar a sua posição e aumentar a sua influência nas autarquias.
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Fonte: ECO