Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, fez um alerta importante sobre a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) durante uma entrevista à Bloomberg em Copenhaga. Centeno, que está prestes a deixar o seu cargo, afirmou que o BCE não pode permitir que a inflação se mantenha de forma persistente abaixo da meta de 2%. Segundo ele, essa situação pode levar a uma desancoragem das expectativas de preços, o que seria prejudicial para a economia da Zona Euro.
Durante a sua participação num encontro informal do Eurogrupo e do ECOFIN, Centeno destacou que as projeções de inflação para 2028, que serão divulgadas nas previsões de dezembro do BCE, provavelmente ficarão aquém dos 2%. “Podemos aceitar inflação abaixo da meta durante alguns trimestres, mas, a determinado momento, teremos de agir para evitar que as expectativas de inflação se desancorem”, afirmou. O governador sublinhou que “entregar inflação de forma sustentada abaixo da meta não é o nosso objetivo e não estaria em linha com o nosso mandato.”
Apesar de o BCE ter mantido a taxa de depósito nos 2% na semana passada, Centeno mantém uma visão cautelosa sobre o futuro da política monetária. Ele acredita que os riscos de inflação estão a baixar, assim como os riscos para a atividade económica. “Estamos confortavelmente sentados numa pilha de riscos, mas não devemos ser complacentes”, acrescentou.
Centeno também mencionou que o crescimento económico está abaixo do potencial e que a inflação poderá cair abaixo da meta, permanecendo nessa situação durante algum tempo. Por isso, ele acredita que “é mais provável do que não que tenhamos de facilitar ainda mais a política monetária.”
Outro fator que Centeno considera relevante é a recente valorização do euro, que pode levar a cortes adicionais nas taxas de juro. “Se o euro continuar a fortalecer-se, isso acrescentaria riscos de descida à inflação e ao PIB”, alertou. Ele enfatizou a importância de manter uma política monetária ágil, especialmente em tempos de incerteza.
A liderança do Banco de Portugal passará para Álvaro Santos Pereira, que se descreveu como tendo uma postura mais restritiva em relação à política monetária. Esta mudança ocorre num momento em que Centeno, um dos membros mais dovish do Conselho do BCE, deixa um alerta sobre os desafios que a Zona Euro enfrenta em termos de estabilidade de preços.
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Fonte: ECO