A agência de rating DBRS anunciou uma revisão em baixa da classificação da dívida da República Francesa, tornando-se a segunda entidade a fazê-lo em menos de uma semana. Esta decisão, que levanta novas interrogações sobre a capacidade de Paris em controlar o défice, segue-se a um corte similar realizado pela Morningstar.
A DBRS rebaixou o rating da dívida francesa de AA (elevado) para AA, alterando a tendência de negativa para estável. A agência confirmou, no entanto, os ratings de curto prazo, mantendo-os em R-1 (elevado), com uma tendência estável. Este downgrade reflete a avaliação de que a trajetória de consolidação orçamental da França será mais lenta do que o previsto no seu Plano Estrutural Fiscal a Médio Prazo, que será apresentado em outubro de 2024.
Os desafios políticos internos, que incluem uma crescente fragmentação e a falta de uma maioria no parlamento após as eleições legislativas antecipadas de julho de 2024, estão a dificultar a implementação de políticas fiscais eficazes. A DBRS alerta que este ambiente de instabilidade governamental pode limitar a capacidade da França de cumprir as suas metas fiscais nos próximos anos.
Em 2024, a França registou o maior défice orçamental da zona euro e é provável que enfrente uma situação semelhante em 2025. O esforço necessário para ajustar o orçamento de 2026, de forma a atingir a meta do défice de 4,6% do PIB, é considerado significativo. Além disso, a previsão do rácio dívida/PIB da França foi revista, prevendo-se que atinja 118,1% em 2027, contrariando as expectativas de uma tendência decrescente a partir de 2028.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) também projeta um aumento nos níveis de dívida da França a médio prazo, num cenário sem alterações de política. A DBRS adverte que níveis mais elevados de dívida poderão resultar em custos de juros ainda mais altos. De acordo com as previsões do FMI, os custos com juros poderão subir para 2,6% do PIB em 2027, comparado a 1,3% em 2020.
Apesar das perspetivas fiscais desafiantes, a tendência estável reflete a visão da DBRS de que os riscos para as classificações de crédito estão equilibrados. A agência destaca que, apesar das dificuldades, a França possui uma economia rica e diversificada, instituições públicas sólidas e uma gestão robusta da dívida. A sua posição como membro central da Zona Euro e potência militar da União Europeia também contribui para a sua resiliência.
A DBRS poderá considerar um novo corte na notação de crédito da França se o governo não conseguir resolver os desequilíbrios orçamentais estruturais a médio prazo. A situação política interna continua a ser um fator crucial que pode restringir a capacidade do país de implementar políticas económicas e fiscais eficazes.
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Fonte: Sapo