Quando falamos sobre seguros, a primeira ideia que surge é a de proteção. Os consumidores pagam um prémio hoje para garantir uma maior segurança no futuro. Contudo, por trás dessa sensação de segurança, existe uma complexa interação entre as seguradoras, os clientes e os reguladores. Esta dinâmica é marcada por decisões estratégicas que dependem das ações dos outros intervenientes, resultando frequentemente em ineficiências no mercado.
A eficiência perfeita, conceito que se refere a um mercado onde os preços refletem de forma imediata e completa toda a informação disponível, é uma utopia. No setor segurador, a informação assimétrica é uma realidade. Quando as seguradoras definem os prémios, elas analisam a concorrência antes de tomar decisões. Se os preços forem demasiado elevados, correm o risco de perder quota de mercado; se forem demasiado baixos, poderão enfrentar um aumento da sinistralidade, comprometendo a sua solvência. Assim, o resultado final tende a estar longe da eficiência perfeita, uma vez que todas as empresas poderiam beneficiar de preços ligeiramente mais altos, mas nenhuma se atreve a agir de forma isolada.
As interações estratégicas no mercado de seguros manifestam-se de duas maneiras principais. Em primeiro lugar, existe a pressão direta da concorrência. Cada seguradora está atenta aos movimentos das suas rivais. Em segundo lugar, temos a gestão dos perfis de risco. Para atrair clientes com menor sinistralidade, as seguradoras ajustam os prémios, mas essa estratégia provoca reações na concorrência, levando a um aumento dos preços para proteger a sustentabilidade das carteiras. O resultado é que, no final, todos acabam a operar a um nível de preços mais elevado, longe da eficiência perfeita.
Outro dilema a considerar é que a proteção oferecida pelos seguros pode levar a uma certa negligência por parte dos clientes. Quando um cliente se sente totalmente coberto, pode relaxar na sua atenção à prevenção. Para contrabalançar este comportamento, as seguradoras utilizam mecanismos como franquias, co-pagamentos e exclusões, assegurando que o cliente não descuida completamente a sua prudência. No entanto, este equilíbrio também resulta numa eficiência inferior àquela que poderia ser alcançada sem este trade-off.
Por último, o papel do regulador é crucial. Este deve proteger os consumidores e garantir a estabilidade do setor, mas sem sufocar a rentabilidade e o investimento. Se a regulação for excessivamente branda, pode criar riscos sistémicos; se for demasiado rígida, pode travar o crescimento. Assim, surge uma zona de compromisso que, embora evite abusos, permanece distante da eficiência perfeita.
A conclusão é evidente: o que é racional para cada interveniente raramente resulta no melhor desfecho coletivo. Este é o paradoxo que o setor segurador enfrenta diariamente. Embora possa parecer utópico imaginar um mercado de seguros totalmente eficiente, onde seguradoras e clientes partilham abertamente toda a informação relevante, este deve ser o objetivo a perseguir. Quanto mais conhecimento circular de forma transparente, melhores serão as decisões individuais, aproximando o desempenho do mercado de seguros da eficiência perfeita.
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Fonte: ECO