António Guterres, secretário-geral da ONU, fez um apelo urgente sobre a regulação da inteligência artificial (IA) durante um debate de alto nível no Conselho de Segurança. O líder da ONU alertou que, sem a implementação de barreiras adequadas, a IA pode ser transformada numa arma perigosa. A questão já não é se a IA influenciará a paz e a segurança internacionais, mas sim como essa influência será moldada.
Guterres sublinhou que, se utilizada de forma responsável, a inteligência artificial pode trazer benefícios significativos, como a antecipação de crises alimentares e a identificação de potenciais surtos de violência. No entanto, ele advertiu que, sem controlo, a tecnologia pode ser usada para fins destrutivos. “Os conflitos recentes tornaram-se campos de testes para a segmentação e autonomia com a IA”, afirmou.
O secretário-geral destacou os riscos associados aos ciberataques potenciados pela IA, que podem interromper infraestruturas críticas em questão de minutos. Além disso, a manipulação de áudio e vídeo através da IA pode comprometer a integridade da informação, alimentando a polarização e desencadeando crises diplomáticas. “A inovação deve servir a humanidade, não miná-la”, reforçou Guterres.
Recentemente, a Assembleia-Geral da ONU criou um Painel Científico Internacional Independente sobre Inteligência Artificial, que visa conectar ciência, política e prática. Guterres anunciou a intenção de lançar um edital para nomeações para o Painel, pedindo aos Estados-membros que indiquem peritos diversificados e competentes.
O líder da ONU delineou quatro prioridades para a regulação da IA. A primeira é garantir o controlo humano sobre o uso da força, afirmando que “o destino da humanidade não pode ser deixado a cargo de um algoritmo”. Guterres reiterou a necessidade de proibir sistemas de armas autónomas letais que operem sem supervisão humana.
Em segundo lugar, ele apelou à criação de quadros regulamentares globais que assegurem que os sistemas de IA respeitem o direito internacional em todas as fases, desde a concepção até ao desmantelamento. “Os usos militares devem ser claramente regulamentados”, enfatizou.
A terceira prioridade é proteger a integridade da informação em situações de conflito. Guterres defendeu que governos, plataformas e sociedade civil devem colaborar para identificar e impedir a desinformação gerada pela IA, incluindo campanhas de desinformação e ‘deepfakes’ que podem afetar processos de paz e eleições.
Por fim, Guterres destacou a importância de colmatar a lacuna de capacidade da IA, sublinhando que a tecnologia pode acelerar o desenvolvimento sustentável e promover a paz. Ele defendeu que todas as nações devem ter a oportunidade de contribuir para o futuro da inteligência artificial.
O debate, presidido pelo chefe de Estado da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, contou também com a presença do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. O evento visa incentivar a discussão sobre a mitigação dos riscos e a maximização dos benefícios da IA no contexto da paz e segurança internacionais. Leia também: A importância da regulação da tecnologia para o futuro.
inteligência artificial Nota: análise relacionada com inteligência artificial.
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Fonte: ECO