Carlos Tavares, ex-CEO da Stellantis, afirmou que os Estados Unidos deixaram de ser um parceiro confiável para Portugal. Durante a sua intervenção na conferência de aniversário do Jornal Económico, realizada em Lisboa, Tavares destacou que Portugal não pode contar com um aliado que se tornou meramente transacional, apesar da sua grandeza e poder.
Esta nova realidade pode ser vista como uma oportunidade para Portugal refletir sobre o seu futuro sem a dependência dos EUA, cuja influência na NATO tem sido marcada pela exportação de armamento americano para a Europa. Tavares sublinhou que os EUA, sendo a nação mais poderosa e rica do mundo, estão a procurar ainda mais poder e riqueza, o que está a levar a um afastamento de vários países em direção à esfera de influência da China.
O gestor referiu que estamos a assistir à formação de uma nova ordem mundial, especialmente com a presidência de Donald Trump. Ele alertou que a postura egocêntrica dos EUA, em resposta a movimentos como o wokismo, está a prejudicar a economia global, que apresenta um crescimento fraco, medido pelo PIB. Esta situação está a fazer com que muitos países se alinhem com a China, que, segundo Tavares, está a acelerar a sua ascensão para a dominação global.
Tavares criticou a política americana atual, afirmando que a sua abordagem tem como consequência o oposto do objetivo estratégico dos EUA, que é evitar que a China se torne a principal potência mundial. Ele destacou que a China está a dar lições em comércio internacional, adotando uma postura política mais madura em contraste com as reações emocionais do ocidente.
Relativamente ao desequilíbrio comercial que os EUA frequentemente mencionam, Tavares argumentou que este se deve mais à fraca produtividade e à baixa qualidade da indústria americana do que a fatores externos. Em relação à União Europeia, ele criticou a falta de uma visão política comum, que está a penalizar o bloco e a alimentar rivalidades internas, especialmente entre França, Alemanha e Itália.
O ex-CEO também expressou reservas sobre o Acordo de Paris, considerando-o um exemplo do declínio do ocidente. Segundo ele, o mundo ocidental, ao enriquecer à custa do planeta, tentou impedir o desenvolvimento dos países do sul global, o que resultou num desastre visível nos dias de hoje, com o tema do aquecimento global a perder relevância na política.
Tavares concluiu que o ocidente precisa urgentemente de parar o seu declínio, reconhecendo que a burocracia excessiva e a falta de ambição não são um futuro viável num mundo com PIB estagnado. Ele criticou ainda a falta de liderança política em Bruxelas, que tem permitido o surgimento de nacionalismos, como o da Hungria, e apelou a uma governação mais integrada na Europa para garantir mais riqueza e bem-estar às populações.
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Fonte: Sapo