Hoje celebra-se o Dia Mundial do Turismo, um momento oportuno para refletir sobre os desafios que o turismo em Portugal enfrenta. O fenómeno do overtourism em destinos populares, a necessidade de viajar de forma responsável e o investimento em práticas sustentáveis são questões que exigem atenção. O tema escolhido pela UN Tourism para 2025, “Turismo e Transformação Sustentável”, sublinha que o crescimento económico deve ser acompanhado por uma preocupação com a sustentabilidade, incluindo a redução de emissões e a proteção da biodiversidade.
O turismo em Portugal tem mostrado sinais de recuperação significativos. Em 2024, o setor alcançou 98% dos níveis de atividade pré-pandemia, com mais de 60 destinos a ultrapassarem os resultados de 2019 em apenas três trimestres. O Médio Oriente destaca-se nesta retoma, com o Qatar a crescer 141% e a Arábia Saudita a aumentar 61%. As receitas turísticas também estão a subir: em 35 dos 43 países analisados, os valores já superaram os números de antes da pandemia.
A Europa é a região que lidera esta recuperação, com as chegadas internacionais a aumentarem 1% nos primeiros nove meses de 2024, em comparação com 2019. Este crescimento é impulsionado pela procura intraeuropeia e pela melhoria da conectividade aérea, que cresceu 8,7%. Países como o Reino Unido, Roménia, Espanha e França registaram aumentos significativos nas receitas turísticas. Portugal, em particular, destaca-se com um aumento de 51% nas receitas desde 2019 e um crescimento de 26% nas chegadas internacionais em relação a 2023. O turismo representa atualmente cerca de 15% do PIB nacional, consolidando-se como um setor essencial para a economia.
No entanto, o turismo em Portugal enfrenta o desafio do overtourism, especialmente em cidades como Lisboa, Porto e na região do Algarve. É crucial implementar políticas que promovam a diversificação e valorização de outras áreas, como os Açores, o Alentejo e o Douro, para garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável.
Além do impacto económico, o turismo tornou-se uma questão política na União Europeia. Representando cerca de 10% do PIB da UE e mais de 22 milhões de empregos, o setor ganhou uma nova relevância na agenda europeia. A nova Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen, criou pela primeira vez o cargo de Comissário para o Turismo e Transportes, destacando a importância estratégica do turismo para o futuro da União. Apostolos Tzitzikostas, o novo Comissário, terá a responsabilidade de guiar as políticas turísticas.
A nível global, o turismo também ganhou peso político, com a eleição de uma mulher como Secretária-Geral da UN Tourism, um marco significativo que demonstra a evolução do setor. O protagonismo de países do Médio Oriente, como o Qatar, reforça a ideia de que o turismo é uma ferramenta de soft power, utilizada para projetar influência e atrair investimento.
O turismo é, portanto, uma intersecção entre economia e política. Portugal é um exemplo de sucesso na recuperação do turismo, mas o desafio permanece: crescer de forma sustentável, equilibrando as necessidades dos visitantes, das comunidades locais e do planeta. Neste contexto, a questão da habitação torna-se premente, uma vez que o aumento do turismo trouxe prosperidade, mas também pressões sobre o mercado imobiliário. É essencial que as políticas públicas consigam conciliar a atratividade internacional com o direito à habitação dos residentes.
Neste Dia Mundial do Turismo, é fundamental reconhecer que as nossas escolhas enquanto viajantes e anfitriões têm um impacto duradouro nas gerações futuras. Leia também: O futuro do turismo sustentável em Portugal.
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Fonte: Sapo
