Vítor Bento, economista e atual presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), reeleito para o triénio 2024-2026, defende que os bancos em Portugal têm cumprido um papel crucial na captação e proteção das poupanças dos cidadãos. Bento, que assumiu a liderança da APB em maio de 2021, falou sobre a recente campanha de sensibilização lançada pela associação, que visa informar os clientes sobre as fraudes bancárias, cada vez mais sofisticadas.
Na entrevista ao Jornal Económico, Vítor Bento sublinhou que “com esta campanha, o setor bancário quer reforçar a importância das pessoas na prevenção da fraude e como atores essenciais da sua própria proteção”. Ele destacou que, apesar de Portugal ser um dos países mais seguros em termos de banca digital, é fundamental que os utilizadores permaneçam vigilantes e protejam os seus dados e acessos às contas. A literacia financeira, segundo Bento, é um elemento chave para a segurança das poupanças.
O presidente da APB também comentou sobre a nova funcionalidade de confirmação do beneficiário, que estará disponível na plataforma do Banco de Portugal a partir de maio de 2024. Ele acredita que esta ferramenta ajudará a manter os níveis de fraude nas transferências em Portugal reduzidos. “É essencial que os utilizadores estejam informados e preparados para evitar fraudes”, afirmou.
Relativamente ao euro digital, a futura moeda digital de banco central da Área do Euro, Vítor Bento expressou a necessidade de um acompanhamento rigoroso do projeto, enfatizando que os riscos associados aos meios de pagamento atuais também se aplicarão a esta nova forma de moeda. “Devemos antecipar medidas eficazes de mitigação para que o euro digital não traga mais riscos, mas sim uma oportunidade para reforçar a confiança e a segurança no sistema de pagamentos europeu”, disse.
Sobre as recentes declarações da Comissária para os Serviços Financeiros, que insinuou que os depósitos bancários podem não ser seguros, Bento considerou que “não terá sido a afirmação mais feliz”. Ele reafirmou que os depósitos são seguros e representam um contrato de confiança entre os bancos e os seus clientes, que têm a liberdade de decidir sobre as suas poupanças.
Vítor Bento também abordou a questão da União Bancária e o Fundo Europeu de Garantia de Depósitos, que continua a ser um objetivo político, mas avança lentamente devido à falta de compromissos políticos. Em relação às fusões bancárias na Europa, Bento defendeu que é importante garantir um ambiente de concorrência equilibrado, onde todas as instituições enfrentem as mesmas condições.
Por fim, Bento alertou para a complexidade da regulação bancária na Europa, que pode ameaçar a eficácia dos bancos, especialmente em momentos de crise. “Os bancos enfrentam um labirinto de requisitos de capital que pode dificultar a sua navegação”, concluiu.
Leia também: A importância da literacia financeira na proteção das poupanças.
poupanças Nota: análise relacionada com poupanças.
Leia também: Revolut é o único banco pan-europeu, afirma Carlos Albuquerque
Fonte: Sapo
