São Tomé e Príncipe tornou-se o primeiro país do mundo a ter todo o seu território classificado como Reserva da Biosfera, uma decisão anunciada hoje pela UNESCO. Esta classificação foi revelada durante o Congresso Mundial de Reservas da Biosfera, que decorreu em Hangzhou, na China. A UNESCO acrescentou 26 novos locais em 21 países à sua rede, incluindo Angola, Guiné Equatorial e Portugal, todos eles lusófonos.
A UNESCO, com sede em Paris, destacou que a ilha de São Tomé, agora reconhecida como parte da Reserva da Biosfera, junta-se à ilha do Príncipe, que já tinha sido classificada em 2012. Esta nova classificação abrange uma área de quase 1.130 quilómetros quadrados, incluindo picos vulcânicos, florestas tropicais e paisagens agrícolas. A reserva também protege zonas marinhas, como os ilhéus das Cabras, de Santana e das Rolas, que são habitats de recifes de coral e praias de nidificação de tartarugas.
Cerca de 130.000 habitantes de São Tomé e Príncipe estão envolvidos em atividades que dependem fortemente da terra e do mar. A UNESCO sublinha que o ecoturismo é uma área com grande potencial de crescimento, destacando ainda o cacau orgânico da região, conhecido mundialmente e profundamente enraizado na cultura local. Este produto é um símbolo do legado agrícola e do conhecimento transmitido ao longo das gerações.
A classificação da Reserva da Biosfera da Ilha de São Tomé não só protege um património natural e cultural inestimável, mas também promove a participação da comunidade e o uso sustentável da terra. Este reconhecimento é um passo importante para a conservação e desenvolvimento sustentável da região.
Além de São Tomé e Príncipe, Angola também foi reconhecida pela primeira vez com a Reserva da Biosfera da Quiçama, que abrange 206 quilómetros da costa atlântica, ao sul de Luanda. Esta reserva é vital para a conservação da biodiversidade costeira e marinha, além de promover a resiliência climática e a identidade cultural.
A Guiné Equatorial viu a sua Ilha de Bioko classificada como Reserva da Biosfera, protegendo uma das mais ricas biodiversidades da África Central. Esta classificação visa garantir a preservação dos primatas, florestas e o legado cultural da ilha para as futuras gerações.
Portugal também se destaca na lista, com a Reserva da Biosfera da Arrábida, localizada a sul de Lisboa, que cobre aproximadamente 200 quilómetros quadrados. A UNESCO tem vindo a expandir o seu programa O Homem e a Biosfera desde 2018, com um total de 785 reservas em 142 países, abrangendo uma área equivalente à da Austrália.
A diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, expressou a esperança de que, até 2030, cada Estado-membro tenha pelo menos uma reserva, conforme estipulado no plano de ação para a próxima década. Este plano inclui medidas para a conservação e restauração de ecossistemas degradados e a redução da pressão humana sobre a biodiversidade.
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Fonte: Sapo