Mariana Morgado Pedroso, arquiteta e CEO da Architect Your Home, foi a convidada do podcast “E Se Corre Bem?”, onde partilhou a sua trajetória e os desafios que enfrentou ao longo da sua carreira. A arquiteta destacou a importância de transformar crises em oportunidades, uma abordagem que moldou o seu percurso profissional.
Desde cedo, Mariana sentiu uma ligação profunda às artes, embora não tenha familiares arquitetos. “Cresci rodeada de pessoas que pintam e fazem escultura”, afirma. Para ela, o detalhe é fundamental na arquitetura, seja na luz, na simetria ou na relação com o espaço. Mariana defende que o processo de desenvolvimento arquitetónico deve ser centrado no cliente e não no ego do arquiteto. “Os egos atrapalham. Os arquitetos não devem ter um ego que se sobrepõe à profissão”, sublinha, enfatizando que a proximidade com os clientes é essencial para o sucesso.
Durante a sua formação, Mariana teve a oportunidade de trabalhar em ateliês de renome, como os de Manuel Salgado e Frederico Valsassina, experiências que considera cruciais para o seu crescimento. A sua paixão pela recuperação do património levou-a a fazer um mestrado nesta área. Contudo, a crise financeira de 2010 forçou-a a repensar a sua carreira. “O cenário era terrível, com a construção a cair a pique e muitos ateliês a fechar”, recorda. Apesar disso, decidiu arriscar e trabalhar por conta própria.
Foi numa viagem ao Reino Unido que Mariana conheceu o conceito Architect Your Home, que a inspirou a abrir uma sucursal em Portugal. “Eles viram potencial em mim”, conta. A sua visão de “democratização da arquitetura” permitiu-lhe criar um sistema acessível, onde os clientes podem contratar um arquiteto apenas para o que realmente precisam, seja um projeto pequeno ou uma obra maior. Em 2023, concretizou um management buyout, transferindo a sede da empresa para Portugal, mas mantendo operações no Reino Unido. Atualmente, lidera uma equipa com mais de 50 pessoas e uma rede de 12 ateliês associados.
No entanto, gerir projetos em Portugal apresenta desafios, especialmente no que diz respeito à burocracia. “Cada projeto passa por sete ou oito entidades, e é infernal. É o país dos papéis”, lamenta. Mariana acredita que a criação de um balcão único e de regras universais seria uma solução eficaz.
Com a experiência adquirida, Mariana reflete sobre a dualidade entre ser arquiteta e gestora. “Sou gestora primeiro, não tenho hipótese, porque a máquina tem uma dimensão grande. Mas sou arquiteta, surfista, mãe, mulher”, partilha. A viagem que mudou a sua carreira continua a simbolizar o seu espírito empreendedor. “Avanço sempre com muito estudo, mas guiada pelo gut feeling. Aquela viagem foi um momento de pivô”, conclui.
Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts, uma iniciativa do ECO que visa inspirar as pessoas a arriscar e a acreditar nas suas capacidades. Leia também: “A importância da inovação no setor da arquitetura”.
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Fonte: ECO