O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, abordou os impactos do turismo na economia portuguesa, destacando os desafios que esta atividade representa, especialmente no que diz respeito ao custo da habitação. Durante um discurso de cerca de 40 minutos, que encerrou a conferência do Dia Mundial do Turismo em Tróia, o chefe de Estado sublinhou a importância de respeitar a coesão cultural do país, afirmando que o turismo só é benéfico quando é inclusivo e respeita as comunidades locais.
Marcelo destacou que, apesar das vantagens de um país aberto, o turismo não deve ser considerado o principal motor da economia. Para ele, essa visão representa um desafio à indústria, aos serviços e ao comércio. O Presidente elogiou a transição do setor turístico em Portugal, que está a passar de uma preocupação com a quantidade, como o número de dormidas, para uma preocupação com a qualidade da experiência oferecida aos visitantes. Ele defendeu a necessidade de um melhor contexto para o turismo, com investimentos em formação, ciência, educação, saúde e sustentabilidade.
Além disso, Marcelo Rebelo de Sousa alertou para os “inconvenientes” que o crescimento do turismo pode trazer, como o aumento dos preços da habitação. O Presidente referiu que a demografia é um fator crítico a considerar, uma vez que cerca de 25% da população portuguesa tem mais de 65 anos e pode ter dificuldades em lidar com mudanças rápidas no comportamento social. Este aspecto deve ser um desafio a ser enfrentado na política do turismo.
O chefe de Estado enfatizou que o turismo, tal como a indústria e o comércio, deve ser benéfico para todos, mas isso só acontece quando não há uma falha na coesão social e territorial. Marcelo sublinhou que Portugal possui uma “coesão cultural natural”, que deve ser preservada enquanto o turismo continua a evoluir a um ritmo acelerado. Este crescimento exige adaptações e melhorias nas infraestruturas, como a ferrovia e os aeroportos, além de uma administração pública mais eficiente.
Por fim, Marcelo fez um apelo à mudança de mentalidade em relação ao turismo, solicitando uma aceleração nas transformações necessárias para que o setor possa prosperar de forma sustentável. “Portugal pede ação todos os dias”, concluiu o Presidente, que também se mostrou atento às negociações no parlamento sobre a lei de estrangeiros, aguardando a votação agendada para esta terça-feira.
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Fonte: ECO
