Os honorários de auditoria registaram um aumento superior a 10% em 2024, com as grandes firmas, conhecidas como “big six”, a consolidarem a sua posição no mercado. Este fenómeno está a ser monitorizado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que alerta para o risco de uma remuneração inadequada poder comprometer a qualidade da auditoria.
De acordo com o relatório da CMVM, foram emitidos 32.522 relatórios de auditoria em 2024, um ligeiro aumento em relação aos 32.098 do ano anterior. Os honorários cobrados ascenderam a 223.218 milhares de euros, comparados com 201.999 milhares de euros em 2023. Este crescimento de 10,5% nos honorários de auditoria reflete uma tendência crescente no setor.
A CMVM destaca que o aumento dos honorários não se distribui de forma equitativa entre todos os auditores ou tipos de entidades de interesse público (EIP). As “big six”, que incluem nomes como Deloitte, EY, KPMG, PwC, BDO e Forvis Mazars, viram aumentar o seu volume de negócios em dois pontos percentuais, tanto em auditoria como em serviços relacionados. Por outro lado, os restantes auditores de EIP enfrentaram uma diminuição da sua quota de mercado.
Além disso, o relatório revela que os honorários médios nas EIP aumentaram em todas as suas categorias, com destaque para as empresas de seguros, que registaram um aumento de 36,5% em comparação com o ano anterior. Nas entidades que não são de interesse público (NEIP), a evolução dos honorários também foi positiva, embora 28% dos relatórios ainda apresentem honorários abaixo de 2.000 euros.
A CMVM sublinha que uma remuneração inadequada pode afetar a qualidade da auditoria e, consequentemente, o funcionamento do mercado. Por isso, a entidade continuará a monitorizar esta situação. A fragmentação da oferta e a concorrência baseada em baixos níveis de investimento são apontadas como algumas das causas para os honorários reduzidos em Portugal, que são significativamente mais baixos do que em países como Espanha, França e Bélgica.
Além da CMVM, a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC) também expressou preocupações sobre os honorários baixos e o impacto na qualidade dos serviços. Virgílio Macedo, bastonário da OROC, afirmou que os custos dos serviços aumentaram entre 30% e 40% nos últimos anos, mas que os honorários não refletiram essa realidade. Contudo, ele notou uma tendência de aumento nos honorários no último ano, algo que os profissionais terão de aceitar.
Leia também: O impacto da remuneração na qualidade da auditoria.
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Fonte: ECO