Portugueses evitam investir: 61% não aplica dinheiro

Um estudo recente revela que cerca de 61% dos portugueses não investe, uma situação que se deve, em grande parte, à falta de poupanças disponíveis e à preferência por métodos de poupança sem risco. Este barómetro, realizado pelo Doutor Finanças em colaboração com a Universidade Católica, apresenta um retrato preocupante dos hábitos financeiros da população portuguesa.

Sérgio Cardoso, responsável pela educação no Doutor Finanças, destaca que estes dados devem ser encarados como um alerta para a necessidade de mudança. “Mais do que criticar, é importante usar estes dados para identificar oportunidades de intervenção, seja ao nível da educação financeira ou da inovação de produtos”, afirma Cardoso. Ele defende que é crucial promover uma relação mais saudável e informada com o dinheiro.

Os portugueses que optam por investir tendem a escolher produtos de capital garantido, como depósitos a prazo e certificados de aforro, o que evidencia a aversão ao risco predominante. Embora existam alguns que investem em ouro, ações e fundos, a procura por produtos mais arriscados é bastante reduzida. O perfil dos investidores portugueses é, na sua maioria, conservador (49%) ou moderado (41%), com apenas 6% a ter um perfil agressivo.

A aversão ao risco está diretamente relacionada com experiências passadas, uma vez que 44% dos inquiridos já perderam dinheiro em investimentos e, por isso, preferem soluções mais seguras. Para Sérgio Cardoso, a solução passa por aumentar o conhecimento e a confiança dos portugueses em relação ao investimento. “É fundamental desmistificar a ideia de que investir é sinónimo de perder dinheiro”, explica.

A literacia financeira é um dos principais fatores que contribuem para a aversão ao risco e a falta de investimento. O estudo indica que muitos portugueses possuem apenas um conhecimento superficial sobre finanças pessoais, o que limita a sua capacidade de tomar decisões informadas. “Para inverter este cenário, é necessário investir em educação financeira desde cedo”, sugere Cardoso, enfatizando a importância de integrar este tema nos currículos escolares e promover campanhas de sensibilização.

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O estudo também revela que a maioria dos portugueses aplica uma percentagem moderada ou baixa do seu rendimento em investimentos. Um terço dos inquiridos investe entre 5% e 10%, enquanto 21% afirma aplicar mais de 20%, principalmente homens e pessoas com mais de 65 anos. A relação entre rendimento familiar e capacidade de investir é clara: nos escalões de rendimento até 1500 euros, a maioria aplica menos de 5% do seu rendimento, enquanto que acima dos 3000 euros, 11% investe mais de 20%.

Entre as principais recomendações do estudo, Sérgio Cardoso destaca a necessidade de reforçar a educação financeira em todas as faixas etárias e simplificar a comunicação dos produtos de investimento. “Devemos criar mecanismos que incentivem a poupança regular e o planeamento financeiro”, conclui.

A falta de poupanças entre os jovens é outro problema relevante, que resulta, em parte, das exigências da vida moderna e da falta de consciência sobre a importância de poupar desde cedo. “É preciso criar condições para que os jovens possam poupar e reforçar a educação financeira para que a poupança se torne um hábito”, afirma Cardoso. A literacia financeira é, portanto, um aspeto essencial para mudar esta realidade.

Leia também: Como a educação financeira pode mudar hábitos de poupança.

aversão ao risco aversão ao risco Nota: análise relacionada com aversão ao risco.

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Fonte: Sapo

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