A revolução do comércio online transformou a forma como consumimos. A facilidade de encontrar produtos a preços acessíveis e a entrega à porta de casa tornaram-se parte do nosso dia a dia. Contudo, o que acontece após o clique na encomenda? Dois filmes recentes revelam a realidade oculta da economia gig e o impacto que isso tem na poupança dos consumidores.
O filme “On Falling”, realizado por Laura Carreira, apresenta Aurora, uma trabalhadora num armazém no Reino Unido. A sua rotina é marcada por longas horas a percorrer corredores sem luz natural, onde procura produtos para o comércio online. A pressão para manter um bom desempenho é constante: se conseguir trabalhar rapidamente, poderá escolher um chocolate como recompensa. No entanto, se não acompanhar o ritmo, será chamada à atenção. Esta rotina desgastante consome não só o tempo, mas também a vida pessoal de Aurora, que partilha um apartamento com outros trabalhadores da economia gig, sem espaço para uma vida social digna.
O salário que Aurora recebe é insuficiente para cobrir as suas necessidades básicas. Um imprevisto, como um telemóvel danificado, pode deixá-la sem dinheiro até para a gasolina. As refeições tornam-se simples sanduíches ou barras energéticas, e as interações sociais são limitadas a conversas superficiais com colegas. O filme ilustra a quantidade de produtos que consumimos online, onde cada item representa um clique. Este ciclo de consumo levanta questões sobre o que realmente estamos a encomendar e a que custo.
Por outro lado, “Sorry We Missed You”, ou “Passámos por Cá”, segue Ricky, um condutor de entregas que acredita ter encontrado uma solução para os problemas financeiros da sua família ao comprar uma carrinha de distribuição. Contudo, a realidade é bem diferente. Ricky trabalha 90 horas por semana, sem tempo para a família, e a pressão para cumprir prazos é avassaladora. A sua saúde e bem-estar são colocados em segundo plano, enquanto o dinheiro que ganha mal cobre as despesas básicas.
Ambos os filmes revelam a dura realidade da economia gig, onde o autoemprego, que parecia ser uma solução, se transforma numa armadilha. Os trabalhadores enfrentam desafios como a falta de benefícios, a ausência de férias e a constante pressão para entregar encomendas. O que significa tudo isto para os consumidores que recebem as suas compras em casa? A insatisfação com o serviço de entrega pode ser apenas a ponta do icebergue.
É fundamental refletir sobre o impacto das nossas compras online. A poupança não diz respeito apenas ao que gastamos, mas também ao que consumimos e ao impacto ambiental das nossas escolhas. Cada clique no botão de compra pode contribuir para um ciclo de desperdício e acumulação de bens desnecessários. Ao pensarmos na quantidade de produtos que encomendamos e que nunca usamos, podemos perceber que a verdadeira poupança vai além do preço.
Por isso, antes de fazer mais um clique, é importante questionar se realmente precisamos daquele produto. A facilidade de comprar online pode levar a um consumo excessivo e a uma acumulação de bens que não trazem valor às nossas vidas. Ao repensar os nossos hábitos de consumo, podemos não só poupar dinheiro, mas também contribuir para um futuro mais sustentável.
Leia também: O dinheiro importa, não importa, importa, não importa…
poupança poupança Nota: análise relacionada com poupança.
Leia também: Doutor Finanças: 11 anos a transformar a literacia financeira
Fonte: Doutor Finanças





