A inteligência artificial (IA) está a provocar uma transformação sem precedentes no setor do marketing, com implicações que vão muito além do que se poderia imaginar. Erik Lassche, CEO da Fullsix Portugal, destaca que esta mudança é muito mais rápida do que as anteriores, como o surgimento das redes sociais ou o lançamento do iPhone. “Esta onda da IA está a ser muito mais rápida e, de repente, não é uma mudança linear, mas pode ser exponencial. Ninguém sabe bem onde isto vai acabar”, afirma Lassche.
Com quase 20 anos de experiência em agências de marketing digital, Lassche considera que estamos a viver um momento de grandes incertezas. A forma como as agências operam, a sua estrutura e o valor que oferecem estão em questão. “Hoje fazemos mais com menos. O aumento da eficiência é bastante grande. Em alguns casos, até é assustadoramente grande”, comenta. Ele acredita que as agências do futuro terão menos colaboradores, uma realidade que muitos ainda se recusam a aceitar.
A missão das agências pode não ter mudado, mas a forma como produzem e os serviços que oferecem estão em constante evolução. “A cada cinco anos, o que fazemos é diferente”, recorda. O modelo de pagamento tradicional, baseado em horas trabalhadas, também está a ser posto em causa. “Se o que era feito numa semana agora é feito em 10 minutos, este modelo não tem pernas para andar”, resume.
A Fullsix lançou, no ano passado, o Fullsix AI Lab, um departamento dedicado à inteligência artificial. O objetivo é integrar a IA em todos os processos da agência, não apenas como uma ferramenta de especialização, mas como um recurso acessível a toda a equipa. “Mudou tudo e não mudou nada. Mas, mudou muita coisa”, diz Lassche, referindo que a eficiência aumentou significativamente.
A faturação da Fullsix ronda os 10 milhões de euros, com um crescimento previsto de 8 a 9% para este ano. A IA já está a ser utilizada em áreas como o desenvolvimento e a criação de conteúdos visuais, onde a automação está a ganhar destaque. No entanto, Lassche alerta para o impacto que a IA pode ter no emprego. “É sempre uma conversa assustadora. O nosso emprego vai ser trocado por uma máquina, ou 10 empregos por uma máquina, ou 100 empregos por uma máquina”, afirma.
A reflexão sobre o futuro do marketing é essencial. Lassche defende que as agências devem adaptar-se a esta nova realidade, repensando a sua estrutura e a forma como vendem os seus serviços. “O nosso modelo de preços tem que ser mais sobre o valor que acrescentamos e menos sobre o número de horas que trabalhamos”, conclui.
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inteligência artificial inteligência artificial Nota: análise relacionada com inteligência artificial.
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Fonte: ECO





