Pressão na COP30 para plano de transição dos combustíveis fósseis

As negociações na COP30 estão a ganhar cada vez mais intensidade. Após a divulgação de um documento que aborda os principais temas em discussão, a presidência da conferência apresentou uma proposta de acordo e procura desbloquear questões cruciais, como o financiamento para países em desenvolvimento, os compromissos climáticos e a transparência nas ações ambientais.

Um dos tópicos que está a ganhar destaque é a proposta, defendida pelo presidente brasileiro Lula da Silva, para a criação de um roteiro que vise a eliminação gradual dos combustíveis fósseis. O documento apresentado pela presidência inclui três abordagens para lidar com os combustíveis fósseis. A primeira sugere a partilha de histórias de sucesso sobre transições justas. A segunda, mais ambiciosa, propõe uma mesa-redonda ministerial para discutir contextos nacionais e apoiar a transição ordenada e equitativa. A terceira abordagem é vaga, admitindo a possibilidade de não haver qualquer referência ao tema.

Durante um evento organizado pela Beyond Oil and Gas Alliance, a ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, enfatizou a necessidade de um esforço conjunto para desenvolver um roadmap que permita a transição dos combustíveis fósseis. Na conferência, representantes de cerca de 20 países uniram-se para pedir que o acordo final da COP30 inclua um plano para deixar para trás os combustíveis fósseis, baseando-se nos compromissos estabelecidos na COP28.

Entre os participantes estavam ministros, vice-presidentes e enviados especiais de países como Alemanha, Suécia, Irlanda, Bélgica, Finlândia, Países Baixos, Reino Unido, Colômbia, Guatemala, Vanuatu, Fiji, Quénia e Serra Leoa. A enviada especial para o Clima das Ilhas Marshall, Tina Stege, destacou a diversidade de interesses que apoiam a criação de um roteiro para a transição dos combustíveis fósseis. O ministro alemão do Ambiente, Carsten Schneider, reforçou a importância de incluir essa proposta no texto final.

Leia também  Ações como melhor ativo para complementar a reforma

A Colômbia tem sido uma voz ativa nesta discussão, buscando aliados para a Declaração de Belém, que exige um compromisso com a transição. A ministra colombiana do Ambiente, Irene Velez Torres, sublinhou que, apesar de ser produtora de petróleo e gás, o país decidiu não emitir novas licenças de exploração, considerando o roadmap essencial.

Portugal, através da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, optou por não aderir à iniciativa colombiana, defendendo que o país deve participar apenas em processos liderados pela presidência da COP. No entanto, afirmou que Portugal está a favor de um roadmap para a transição dos combustíveis fósseis.

A COP30 também está a ser marcada pelo aumento da presença de lobistas da indústria dos combustíveis fósseis. De acordo com a coligação Kick Big Polluters Out, cerca de 1.600 representantes de empresas do setor estão presentes, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. Este número é o mais elevado já registado em cimeiras climáticas.

Além disso, a Agência Internacional de Energia (AIE) lançou um relatório que prevê que a procura por petróleo e gás natural continuará a crescer até 2050, mesmo com as políticas energéticas atuais. Esta projeção é vista como alarmante por especialistas, que alertam para a necessidade de acelerar a transição energética.

A conclusão da AIE de que a meta de 1.5ºC do Acordo de Paris será ultrapassada deve ser um ponto de viragem na COP30, exigindo ações mais urgentes e metas claras para 2030. A COP30 representa uma oportunidade crucial para que Portugal se posicione como um exemplo de rapidez e eficácia na transição energética.

Leia também: O papel de Portugal na transição energética global.

Leia também: COP30: Portugal quer acelerar negociações sobre combustíveis fósseis

Leia também  Portugal destaca-se no eGovernment Benchmark 2025, mas enfrenta desafios

Fonte: ECO

Não percas as principais notícias e dicas de Poupança

Não enviamos spam! Leia a nossa política de privacidade para mais informações.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Back To Top