O Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, anunciou que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está a preparar uma cimeira extraordinária para resolver a vacatura na presidência da organização. Esta situação surgiu após a Guiné-Bissau, que lidera a CPLP, ter sido alvo de um golpe militar.
Na segunda-feira, 1 de dezembro, Carlos Vila Nova revelou que teve uma conversa extensa com a secretária executiva da CPLP, onde discutiram as diligências necessárias para abordar a situação na Guiné-Bissau. “Neste momento, há uma vacatura e, de acordo com os nossos estatutos, isso não é previsto. Nos próximos dias, precisamos de abrir caminhos para que todos os Estados-membros possam colaborar na resolução deste problema”, afirmou o Presidente são-tomense.
Durante uma reunião virtual da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), Vila Nova foi questionado sobre a possibilidade de a presidência ser devolvida a São Tomé e Príncipe. O Presidente não descartou essa hipótese, mas enfatizou que o ideal seria trabalhar numa transição que oferecesse uma solução mais duradoura.
Carlos Vila Nova também abordou as críticas dirigidas à CPLP pela sua aparente lentidão na tomada de decisões sobre a crise na Guiné-Bissau. O Presidente respondeu com tranquilidade, destacando que a CPLP é uma organização de natureza política e cultural, o que a distingue de outras entidades sub-regionais africanas. “Acompanho com apreensão a situação na Guiné-Bissau”, disse.
O Presidente de São Tomé e Príncipe reiterou a sua condenação a qualquer tentativa de subversão da ordem constitucional, afirmando que “usurpar poderes por vias das armas merece a nossa condenação”. Ele defendeu a importância de respeitar a vontade expressa pelo povo nas urnas, especialmente após as eleições gerais de 23 de novembro, que foram marcadas por tensões.
A crise na Guiné-Bissau teve início no dia 26 de novembro, quando um grupo de militares tomou o poder, destituindo o então Presidente Umaro Sissoco Embaló. O novo líder, o general Horta Inta-A, foi empossado como Presidente de transição por um ano e nomeou Ilídio Vieira Té como primeiro-ministro e ministro das Finanças.
As eleições, que decorreram sem incidentes, contaram com a ausência do principal partido da oposição, o PAIGC, e do seu candidato, Domingos Simões Pereira, que foram excluídos da disputa. A detenção de Simões Pereira e a tomada de poder pelos militares têm sido denunciadas pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.
A comunidade internacional condenou o golpe militar, levando à suspensão da Guiné-Bissau da CEDEAO e da União Africana até que a ordem constitucional seja restabelecida. A CPLP, enquanto organização, enfrenta agora o desafio de encontrar uma solução para a vacatura na presidência e restaurar a estabilidade na Guiné-Bissau.
Leia também: A importância da CPLP no cenário internacional.
Leia também: Fidelidade conquista prémio com plataforma digital para seniores
Fonte: Sapo





