A política energética da Alemanha, conhecida como Energiewende, enfrenta uma crise profunda que levanta sérias questões sobre o futuro energético da União Europeia. Desde o início dos anos 2000, sob a liderança do chanceler Gerhard Schröder, a Alemanha apostou nas energias renováveis, como a solar e a eólica, ao mesmo tempo que tentava eliminar a energia nuclear. Esta mudança radical culminou no encerramento da última central nuclear em 2023, mas, para compensar, algumas centrais a carvão foram reabertas.
A chanceler Angela Merkel apoiou fortemente esta transição, especialmente após o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011. No entanto, análises posteriores mostraram que os problemas da central de Fukushima foram causados pelo tsunami e não por falhas na operação da unidade. Apesar disso, a pressão para abandonar a energia nuclear aumentou, levando a uma dependência crescente do gás natural, principalmente da Rússia. Com a guerra na Ucrânia, a Alemanha perdeu esse acesso vital, o que agravou a sua situação energética.
A Energiewende não se limitou à Alemanha; teve um impacto significativo em toda a União Europeia. Países como a França também foram forçados a reconsiderar suas políticas energéticas, priorizando as renováveis em detrimento da energia nuclear. Contudo, essa abordagem tem gerado tensões e divisões entre os Estados-membros, especialmente com a crescente necessidade de garantir a segurança energética.
Os preços da eletricidade na Alemanha dispararam, mais do que duplicando nos últimos anos. Em outubro de 2025, os preços médios atingiram níveis recordes na Europa, com a Alemanha a pagar cerca de 40,35 euros por MWh, em comparação com 25,24 euros na França. Esta disparidade levanta preocupações sobre a capacidade da Alemanha de competir em setores industriais intensivos em energia.
Em resposta à desindustrialização e ao aumento do desemprego, o governo alemão anunciou medidas de emergência, incluindo subsídios significativos para as tarifas de eletricidade direcionadas a grupos industriais. O chanceler Friedrich Merz revelou que o governo poderá gastar entre 3 mil milhões e 5 mil milhões de euros por ano para tentar restaurar a competitividade das empresas. No entanto, a eficácia dessas medidas é questionável, uma vez que não há um plano claro para a redução dos subsídios a longo prazo.
A falência da Energiewende é evidente, e a situação permanece inalterada desde o seu início. As sanções económicas e a falta de uma estratégia coerente apenas aprofundaram a crise. A União Europeia, por sua vez, continua a avançar com o seu novo Pacto Verde, que promete aumentar ainda mais os preços da energia, sem oferecer soluções reais para os problemas existentes.
À medida que a União Europeia se dirige para um futuro incerto, a necessidade de uma política energética sustentável e competitiva torna-se cada vez mais urgente. A falta de um plano eficaz para enfrentar os desafios energéticos poderá levar a uma desindustrialização contínua e a um aumento das desigualdades entre os Estados-membros.
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Fonte: Sapo





