O recente acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos (EUA) está a gerar preocupações sobre o impacto nos preços e na competitividade das empresas europeias. Segundo a Crédito y Caución, a nova taxa aduaneira de 15% sobre as importações da UE e de 50% em setores específicos, como o aço e os automóveis, poderá prejudicar a posição das empresas europeias no mercado global.
O comunicado da Crédito y Caución destaca que, apesar da fixação das tarifas, muitas questões permanecem sem resposta, o que dificulta a tomada de decisões cruciais por parte das empresas em relação a investimentos e contratações. A seguradora alerta que o aumento das tarifas poderá ter um impacto mais significativo nas empresas com menor capacidade financeira, aumentando o risco de crédito comercial.
Além disso, a UE comprometeu-se a investir em energia nos EUA, o que, embora não represente um problema imediato, poderá gerar tensões futuras. Para 2023, a previsão de crescimento para a zona euro foi revista em baixa para 1,1%, com uma expectativa de apenas 0,8% para 2026. A análise indica que o acordo comercial não trará um impulso significativo para a economia da UE.
As novas tarifas vão, sem dúvida, afetar a procura. A Oxford Economics prevê que a taxa permanente de 15% sobre a maioria das exportações aumentará os preços dos bens, reduzindo a procura norte-americana pelos produtos da UE. Este cenário é preocupante, uma vez que a União Europeia já está a explorar novos acordos comerciais em mercados como o Chile, a Índia e o Mercosul. Contudo, mesmo que essas negociações sejam bem-sucedidas, é improvável que compensem a diminuição das exportações para os EUA, que representam cerca de 35% do total das exportações da UE.
A negociação de acordos comerciais significativos é um processo moroso, levando em média 18 meses, seguido de mais 24 meses para a sua implementação, segundo o Fórum Económico Mundial. Assim, quaisquer benefícios que possam surgir destes novos acordos serão visíveis apenas a longo prazo.
A abertura a novos mercados também traz o desafio de manter a competitividade. A UE enfrenta dificuldades em reduzir os preços das suas exportações, que, ao longo da última década, se mantiveram em níveis semelhantes aos dos EUA, mas acima dos preços de países como a China, onde os custos de produção são significativamente mais baixos. Esta situação dificulta a entrada das empresas europeias em novos mercados, uma vez que a competição baseada apenas no preço é cada vez mais desafiadora.
Para fortalecer a sua posição em futuras negociações, a União Europeia deve focar em aumentar a sua resiliência económica, tecnológica e militar, promovendo o comércio intra-UE e reduzindo a dependência de importações.
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Fonte: Sapo