No passado dia 28 de fevereiro, a tão aguardada reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Casa Branca não correu como esperado trazendo alterações nos mercados. O encontro, que deveria reforçar laços e garantir um novo acordo de cooperação entre os EUA e a Ucrânia, terminou abruptamente, sem qualquer compromisso assinado. Mas o que isso significa para os mercados financeiros? Como os investidores devem reagir a esta nova incerteza?
O Que Aconteceu na Reunião?
Zelensky deslocou-se a Washington para negociar um pacote de apoio militar e económico para a Ucrânia, mas as exigências de Trump foram mais duras do que o esperado. O presidente dos Estados Unidos da América pressionou o presidente ucraniano a aceitar um acordo para a exploração de recursos minerais por empresas norte-americanas, algo que Zelensky recusou, alegando preocupações com a soberania do seu país. O clima de tensão ficou evidente quando a conferência de imprensa conjunta foi cancelada à última hora.
Trump e o seu vice-presidente, J.D. Vance, acusaram Zelensky de falta de gratidão pelo apoio financeiro já recebido dos EUA, enquanto o líder ucraniano destacou a necessidade de garantias de segurança a longo prazo. O impasse gerou reações imediatas nos mercados.
O Impacto Inicial nos Mercados Financeiros
Os investidores europeus não reagiram bem à incerteza, o que levou os mercados americanos a ressentirem-se nesta segunda-feira, refletindo a preocupação com o futuro do apoio dos EUA à Ucrânia. Por outro lado, o FTSE 100, principal índice do Reino Unido, surpreendeu com uma pequena subida de 0,70%, beneficiando, assim, de um acordo positivo entre Trump e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer.
A incerteza política fez com que os investidores procurassem refúgio nos títulos do Tesouro dos EUA, fazendo com que a yield das obrigações a 10 anos caísse para 4,23%.
Os pequenos investidores desde logo começaram a alarmar-se com a situação e são inúmeros os posts em comunidades do Reddit (r/literaciafinanceira e r/BuyFromEu) alarmistas e impulsivos muitas das vezes injustificados.
As ações de empresas de defesa como a Rheinmetall e a BAE Systems tiveram uma valorização inicial, uma vez que um eventual corte na ajuda americana à Ucrânia pode significar maior procura por armamento por parte da Europa.

Além disso, há indícios de que alguns investidores podem começar a reduzir a sua exposição ao mercado norte-americano e a procurar ativos europeus como alternativa. A política externa de Trump, caracterizada por uma maior imprevisibilidade, leva, assim, investidores a considerar a diversificação para mercados mais estáveis, como a zona euro. Neste contexto, empresas de setores estratégicos, como energia e infraestruturas, têm a possibilidade de beneficiar de um fluxo adicional de capital, o que, por sua vez, pode contribuir para suavizar a volatilidade do mercado europeu.
E a Médio e Longo Prazo?
Se há algo que a história dos mercados nos ensina, é que momentos de instabilidade raramente se traduzem em quedas duradouras. O choque inicial pode trazer volatilidade, mas a tendência de longo prazo depende de fatores mais estruturais.
- Os investidores europeus devem manter-se atentos às decisões da União Europeia – Se Trump concretizar a redução do apoio, a UE vai intervir para compensar?
- O setor energético pode ser afetado – Qualquer incerteza na Ucrânia pode afetar o fornecimento de gás para a Europa, fazendo os preços disparar.
- O dólar pode continuar forte – Com os EUA a reforçar a sua posição negocial, os investidores podem continuar a preferir ativos denominados em dólares, mantendo a pressão sobre o euro.
- Possível alteração de investimentos – Se a instabilidade política nos EUA se mantiver, os investidores podem começar a realocar parte dos seus ativos para mercados europeus.
A longo prazo, a economia mundial já provou ser resiliente a crises políticas temporárias. O mercado pode ajustar-se a um novo equilíbrio, e eventuais quedas podem representar oportunidades de compra para quem investe com visão de longo prazo.
Então, O Que Fazer Com os Investimentos?
Se és investidor, a recomendação principal é: não tomes decisões impulsivas. A volatilidade é normal, e estas quedas iniciais podem ser apenas ruído de curto prazo. Foca-te na diversificação e na análise de longo prazo.
Se realmente a tua estratégia foi pensada e estás pronto para ver estes momentos de maior volatilidade, deixa de ver ao minuto a tua corretora ou o gráfico do Yahoo Finance, foca-te naquilo que planeaste. Se por outro lado pensas que faz sentido expores-te menos às ações norte americanas podes ponderar uma realização mas nunca por impulso.
Além disso, continua a acompanhar os desenvolvimentos políticos – se houver um corte efetivo na ajuda americana à Ucrânia, poderemos ver mais oscilações no mercado europeu. Mas se a União Europeia reforçar o seu apoio, o impacto pode ser muito menor do que o esperado.
A economia global já superou crises políticas no passado, e esta não será exceção. O essencial é manter a calma e focar-se nos fundamentos dos investimentos.
E tu, como vês esta situação? Deixa a tua opinião nos comentários e partilha este artigo com outros investidores que possam estar preocupados com os mercados neste momento!