Recentemente, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou dados sobre a remuneração bruta total mensal média por posto de trabalho em Portugal. No segundo trimestre de 2025, este valor subiu 6% em termos nominais, atingindo 1.741 euros, em comparação com o mesmo período de 2024. Contudo, é fundamental analisar a remuneração média com cautela, pois este número esconde disparidades significativas entre diferentes regiões e setores.
As regiões de Lisboa e Porto destacam-se por apresentarem remunerações acima da média nacional, enquanto o interior do país enfrenta valores substancialmente inferiores. Esta desigualdade geográfica não só compromete a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também impede um desenvolvimento económico equilibrado e sustentável em todo o território. As consequências sociais e económicas são profundas, refletindo-se na capacidade de atração e retenção de talento qualificado.
Além das disparidades regionais, a remuneração média também varia significativamente entre setores. A tecnologia e a saúde, por exemplo, registam salários mais elevados, enquanto setores como o comércio, turismo e agricultura apresentam valores muito mais baixos. Esta valorização desigual das competências profissionais pode levar a uma escassez de talento em áreas que são cruciais para o crescimento económico do país.
Portugal enfrenta um desafio demográfico e competitivo: muitos jovens qualificados estão a emigrar em busca de melhores oportunidades no estrangeiro, atraídos por salários mais altos e condições de trabalho mais favoráveis. Sem políticas salariais que reflitam o verdadeiro valor destes profissionais, o país arrisca-se a perder capital humano essencial para o seu desenvolvimento e inovação.
Para reverter esta situação, é vital que o investimento em remuneração diferenciada seja acompanhado por programas de formação contínua e desenvolvimento de competências. Apenas assim se garantirá que os profissionais evoluam em consonância com as necessidades do mercado, tornando as empresas mais competitivas e resilientes. A retenção de talento não se resume a um aumento salarial; é uma estratégia que deve integrar remuneração justa, valorização das competências, oportunidades de progressão na carreira e políticas públicas adequadas.
A relação entre uma remuneração adequada e o desenvolvimento económico é evidente. Países e regiões que conseguem atrair e manter profissionais qualificados tendem a ter empresas mais inovadoras e melhores resultados económicos. Portugal, com o seu potencial humano e tecnológico, não pode desperdiçar esta oportunidade. O verdadeiro desafio reside em não apenas aumentar a remuneração média, mas em assegurar que esta remuneração seja justa e que valorize competências críticas.
Em suma, o aumento da remuneração média em Portugal não deve ser visto como um sinal isolado de progresso económico. É necessário adotar uma abordagem estratégica que leve em conta as desigualdades regionais e setoriais. Apenas assim a remuneração poderá ser um motor de inovação, competitividade e desenvolvimento económico sustentável. Leia também: “Desafios da retenção de talento em Portugal”.
remuneração média Nota: análise relacionada com remuneração média.
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Fonte: ECO