Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, falou pela primeira vez sobre a tragédia do Elevador da Glória, que resultou na morte de 16 pessoas. A sua intervenção, embora clara e empática, deixou algumas questões em aberto sobre a gestão da Carris, a empresa pública responsável pelo serviço. Moedas explicou que a sua demissão só seria considerada se houvesse decisões que contribuíssem diretamente para a crise, algo que, segundo informações disponíveis, não ocorreu.
No entanto, a análise inicial da tragédia levanta preocupações. Moedas reconheceu que houve falhas na proteção dos passageiros e na segurança do serviço prestado pela Carris. O descarrilamento não foi causado por um fenómeno natural, mas sim por uma falha técnica num sistema que deveria garantir a segurança dos utentes. O relatório do GPIAAF revelou que o sistema do elevador dependia de um único cabo, sem redundância eficaz, e que os travões não eram suficientes para evitar uma descida descontrolada.
A gravidade da situação é inegável. A comparação com os ataques a Kiev, onde o número de vítimas foi inferior, ilustra a seriedade da falha da Carris. O Presidente da República também sublinhou a necessidade de responsabilização, que deve recair sobre a gestão da empresa. A pergunta que surge é: o que aconteceria se a Carris fosse uma empresa privada?
Se a Carris operasse em concorrência, a pressão sobre a sua gestão seria imensa. A saída imediata de responsáveis seria uma expectativa comum, impulsionada pela reação dos acionistas, clientes e do mercado. No setor público, no entanto, a tendência é dispersar responsabilidades, o que pode dificultar a responsabilização efetiva. Esta diferença na abordagem à gestão pública e privada levanta questões sobre a eficácia e a responsabilidade na prestação de serviços essenciais.
A tragédia do Elevador da Glória deve servir de alerta para a necessidade de uma revisão profunda das práticas de segurança e gestão da Carris. A segurança dos passageiros deve ser a prioridade máxima, e a transparência na gestão é fundamental para restaurar a confiança da população.
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Fonte: ECO