O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, expressou a sua preocupação com o crescente isolamento de Israel no cenário internacional. Durante a Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina, que teve lugar em Nova Iorque e foi copresidida pela França e pela Arábia Saudita, Guterres sublinhou que o reconhecimento do Estado palestiniano deve ser encarado como um direito, e não como uma recompensa.
Guterres questionou os opositores a esta iniciativa, perguntando: “Qual é a alternativa?” O líder da ONU enfatizou que a negação dos direitos dos palestinianos não pode ser uma solução viável. “Um cenário em que os palestinianos são privados de direitos básicos e forçados a viver sob ocupação não é aceitável no século XXI”, afirmou, insistindo que tal situação apenas contribuirá para o crescente isolamento de Israel.
O secretário-geral foi aplaudido ao afirmar que o estatuto de Estado para os palestinianos é um direito e que a sua negação “seria um presente para os extremistas”. O governo israelita e a administração norte-americana têm defendido que o reconhecimento do Estado palestiniano seria uma recompensa ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza e é considerado uma organização terrorista.
Guterres alertou que, sem uma solução de dois Estados, a paz no Médio Oriente será inalcançável e o radicalismo poderá proliferar. O conflito israelo-palestiniano, que se arrasta há gerações, continua sem resolução, com o diálogo a vacilar e as resoluções internacionais a serem desrespeitadas. “A situação é intolerável e deteriora-se a cada hora”, lamentou.
Embora tenha condenado os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, Guterres também reiterou que nada justifica a punição coletiva do povo palestiniano ou a limpeza étnica. A “dizimação sistemática de Gaza” e a morte de civis, incluindo mulheres e crianças, são questões que não podem ser ignoradas.
O secretário-geral fez ainda referência à expansão dos colonatos na Cisjordânia, que representam uma ameaça à solução de dois Estados. “Tudo isto deve parar”, exortou Guterres, pedindo que a conferência sirva como um catalisador para acabar com a ocupação ilegal e avançar em direção a uma solução viável.
Guterres expressou a sua desilusão pela falta de representação da delegação palestiniana na conferência. Cerca de 80 dirigentes palestinianos, incluindo o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, não conseguiram obter vistos para entrar nos Estados Unidos, uma decisão que foi justificada pela administração norte-americana como uma forma de não recompensar o terrorismo.
Apesar do crescente apoio internacional ao reconhecimento do Estado da Palestina, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou que não haverá um Estado palestiniano sob a sua liderança e anunciou a expansão da colonização na Cisjordânia em resposta ao reconhecimento de países ocidentais.
Leia também: O impacto da política internacional na economia global.
isolamento de Israel isolamento de Israel isolamento de Israel Nota: análise relacionada com isolamento de Israel.
Leia também: Debate sobre multipolaridade marca Assembleia Geral da ONU
Fonte: Sapo