Atualmente, os jovens em Portugal enfrentam um cenário complexo, onde a conexão digital não se traduz em apoio emocional. Apesar de estarem mais conectados do que nunca, muitos sentem-se isolados e desmotivados. A instabilidade laboral e a falta de referências inspiradoras têm levado a um aumento do abandono escolar, com cerca de 17% dos jovens entre os 15 e os 34 anos a deixarem os estudos por questões financeiras ou profissionais. A situação agrava-se com a elevada taxa de jovens que não estudam nem trabalham, os chamados NEET, que continua a ser uma das mais altas da Europa.
Estes dados evidenciam um problema estrutural que exige uma resposta urgente: a necessidade de programas de mentoria. A mentoria não é apenas uma forma de apoio, mas uma ferramenta fundamental para ajudar os jovens a desenvolverem o seu potencial. Estudos demonstram que a mentoria bem estruturada pode aumentar a autoestima, melhorar competências socioemocionais e reduzir o abandono escolar, promovendo, assim, uma maior participação cívica.
Um mentor vai além de dar conselhos; é alguém que acredita nas capacidades do jovem, desafiando-o e acompanhando-o ao longo do seu percurso. Nos últimos 15 anos, iniciativas como o Movimento Transformers têm trabalhado com milhares de jovens em todo o país, proporcionando modelos positivos de referência. Em comunidades onde as oportunidades são limitadas, muitos jovens encontram, pela primeira vez, alguém que lhes diz: “tu consegues.” Esta validação, embora simples, é um motor poderoso de mudança, levando ao regresso à escola e ao envolvimento em causas locais.
A busca por novas soluções é constante. Um exemplo é o Bootcamp de Pedras Sabores, que ilustra como a colaboração entre o setor social, público e corporativo pode gerar impacto real. O objetivo não é apenas apoiar os jovens, mas também promover a coesão social em comunidades inteiras, quando estes se sentem valorizados e capazes.
A mentoria é, portanto, uma das ferramentas mais eficazes para reverter a desmotivação de uma geração que se sente perdida. Investir em mentoria é investir em capital humano e no futuro do país. Como demonstrado pela experiência do Movimento Transformers, quando um jovem é visto e valorizado, não estamos apenas a transformar a sua vida, mas também a semear esperança para todos.
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Fonte: ECO
