Alternativas de investimento em Portugal continuam estagnadas

As alternativas de investimento em Portugal, que incluem instrumentos do mercado monetário, derivados como futuros e opções, bem como matérias-primas e ativos digitais, continuam a apresentar um desempenho estagnado. Apesar de serem opções viáveis fora da trilogia clássica de ações, obrigações e imobiliário, estas alternativas de investimento representam apenas 6,22% do total de ativos sob gestão no país.

De acordo com dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP), os fundos flexíveis domiciliados em Portugal gerem cerca de 1.476,4 milhões de euros. Este valor tem permanecido praticamente inalterado nos últimos cinco anos, mesmo com o crescimento de 36,5% do total de ativos sob gestão dos organismos de investimento coletivo mobiliários (OIC Mobiliário), que atingiu 23.358,3 milhões de euros em julho deste ano.

A discrepância entre o crescimento geral do mercado e a estagnação dos fundos flexíveis é notável. Enquanto o mercado recuperou após os desafios inflacionistas e a subida de juros, os fundos flexíveis não conseguiram acompanhar esta tendência. Assim, permanecem mais como uma promessa do que como uma realidade consolidada.

A nível internacional, a situação é ainda mais contrastante. A consultora PwC prevê que os ativos sob gestão em classes alternativas possam atingir 21,1 biliões de dólares (19,9 biliões de euros) até 2025, representando 15% do total global. Este crescimento reflete a evolução de um segmento que, há duas décadas, era considerado um nicho e que agora se tornou uma importante fonte de diversificação de risco para investidores institucionais.

Entre as alternativas de investimento, destacam-se os ativos reais, como infraestruturas e imóveis não cotados, bem como participações em empresas privadas e dívida privada, que oferecem rendimentos superiores aos das obrigações públicas. O aumento do apetite global por estas estratégias é evidente, à medida que as grandes gestoras buscam retornos descorrelacionados em tempos de incerteza monetária.

Leia também  A regulação da IA na Europa: um caminho para a inovação

Em Portugal, a situação é diferente. Embora os fundos flexíveis permitam exposição a várias classes de ativos, a legislação nacional ainda se concentra no investidor retalhista, limitando o acesso a ativos ilíquidos ou complexos. Esta abordagem conservadora tem contribuído para a estagnação das alternativas de investimento no país.

No entanto, o potencial para crescimento é significativo. A atual estagnação pode ser um sinal de que um novo ciclo está por vir, especialmente com a regulação europeia, como o Markets in Crypto-Assets (MiCA), que poderá abrir portas para instrumentos com exposição a ativos digitais. Além disso, à medida que os investidores portugueses se familiarizam com a volatilidade controlada, as alternativas de investimento podem ganhar mais relevância.

Num cenário em que os fundos mobiliários tradicionais cresceram mais de um terço nos últimos dois anos, os fundos flexíveis parecem ter ficado à margem da recuperação. Contudo, o seu papel estratégico não deve ser subestimado. Sem uma oferta nacional robusta, os investidores podem começar a olhar para os ETFs disponíveis, que oferecem diversificação e acessibilidade a um clique de distância.

Leia também: O futuro dos investimentos em Portugal.

Leia também: Lucros Operacionais da Berkshire Aumentam 33% no Terceiro Trimestre

Fonte: Sapo

Não percas as principais notícias e dicas de Poupança

Não enviamos spam! Leia a nossa política de privacidade para mais informações.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Back To Top