A atual paralisação federal nos Estados Unidos, que já dura 37 dias, tornou-se a mais longa da história do país. Segundo um estudo do Gabinete de Orçamento do Congresso (CBO), esta situação já custou à economia norte-americana cerca de 18 mil milhões de dólares, o que equivale a mais de 15,6 mil milhões de euros. Enquanto republicanos e democratas não chegarem a um entendimento, este “buraco” económico continuará a aumentar.
A CBO sublinha que parte deste impacto será “temporário” e poderá até resultar num impulso de curto prazo para o crescimento económico já no primeiro trimestre do próximo ano. Contudo, entre 7 e 14 mil milhões de dólares do impacto no PIB não serão recuperados, dependendo da duração da paralisação. O estudo, divulgado pela agência Bloomberg, indica que o impacto negativo no PIB poderá ser de pelo menos um ponto percentual no quarto trimestre. Se a paralisação se estender por seis semanas, esse impacto poderá ascender a 1,5 pontos percentuais, totalizando cerca de 28 mil milhões de dólares. Em média, a cada duas semanas, o custo da paralisação federal aumenta em 11 mil milhões de dólares. As consequências diretas incluem a redução de serviços prestados pela administração federal, uma menor produção no setor privado e uma diminuição dos gastos federais com bens, serviços e assistência alimentar.
Cerca de 650 mil funcionários federais estão com licença suspensa devido a esta paralisação. Caso todos estes trabalhadores fossem contabilizados como desempregados temporários, a taxa de desemprego poderia aumentar 0,4 pontos percentuais já em outubro.
A situação de impasse financeiro do Governo federal não é nova, mas desta vez o presidente Donald Trump recusa-se a dialogar com os democratas sobre os cortes na saúde que estão incluídos na proposta orçamental, conhecida como ‘Big Beautiful Bill’. Por sua vez, os democratas afirmam que só aprovarão o financiamento se os republicanos permitirem um auxílio para o pagamento dos seguros de saúde privados, que a partir de 1 de novembro custarão o dobro, devido ao fim da comparticipação federal.
Enquanto isso, Mike Johnson, presidente republicano da Câmara dos Representantes, não convocou qualquer sessão plenária desde meados de setembro, numa tentativa de pressionar o Senado, onde os democratas têm poder de veto, a aprovar os projetos de lei que saíram da Câmara sem alterações. O Senado já rejeitou 12 vezes uma medida provisória de financiamento aprovada pela Câmara, sem que nenhum parlamentar tenha mudado de posição. Apesar de os republicanos terem uma maioria de 53-47 no Senado, precisam de pelo menos sete votos democratas para atingir o limite de 60 votos necessários para aprovar a maioria das leis.
As responsabilidades estão a ser debatidas entre os partidos. O líder da maioria republicana no Senado, John Thune, questionou por quanto tempo os democratas continuarão a manter a paralisação, enquanto o seu homólogo democrata, Chuck Schumer, criticou a falta de atenção do presidente Trump para com os problemas que os cidadãos enfrentam.
Recentemente, surgiram rumores de que as conversas entre os dois partidos poderiam estar a avançar. A Federação Americana de Funcionários Públicos, o maior sindicato de trabalhadores federais, está a pressionar por um acordo de financiamento provisório, que os democratas já rejeitaram, mas a pressão pode finalmente ter impacto. A administração Trump anunciou que irá financiar parcialmente, já em novembro, os apoios alimentares, afetando 42 milhões de norte-americanos inscritos em programas de assistência. Contudo, alertou que isso poderá demorar semanas ou meses. Além disso, os programas de educação infantil Head Start para crianças de famílias de baixos rendimentos também enfrentam dificuldades, uma vez que os recursos disponíveis esgotaram-se recentemente. Desde o início da paralisação, mais de 3,2 milhões de passageiros aéreos foram afetados por atrasos ou cancelamentos.
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Fonte: Sapo
