A Cimeira dos Povos, um evento paralelo à Conferência das Nações Unidas para o Clima (COP30), teve início na quarta-feira em Belém, Brasil, com um forte apelo à ação por parte de líderes sociais de cerca de 60 países. O campus da maior universidade da cidade, localizado às margens do rio Guamá, acolhe movimentos sociais que se reúnem durante cinco dias para discutir a crise climática e a necessidade de soluções urgentes.
Indígenas, famílias afetadas por barragens, ativistas rurais e defensores de várias causas concentraram-se na tenda principal, onde gritaram em uníssono: “Viva a vida, viva os povos originários e viva quem luta pela terra!”. A atmosfera era de determinação, com um cacique a clamar pela demarcação de terras, recebendo aplausos entusiásticos da audiência.
No dia anterior, um grupo de indígenas que exigia a regularização das suas terras foi expulso da área restrita da COP30, um episódio que ilustra a tensão entre os líderes mundiais e as comunidades locais. Para marcar o início da Cimeira dos Povos, cerca de 5.000 pessoas navegaram em mais de 150 embarcações pelos rios de Belém, denunciando as chamadas “falsas soluções climáticas” e afirmando que “os povos são a resposta”.
A flotilha foi liderada por figuras indígenas de destaque, como Raoni Metuktire, um símbolo da luta pela defesa da Amazónia e dos direitos das comunidades locais. A diretora executiva da Greenpeace Espanha e Portugal, Eva Saldaña, participou da ação e descreveu-a como “um movimento indígena sem precedentes”, que percorreu 11,3 quilómetros com mais de 200 embarcações, incluindo o icónico “Rainbow Warrior”.
Saldaña destacou que as soluções para a crise ecológica estão nas comunidades indígenas e locais, que conhecem bem os desafios e as respostas necessárias. A ativista também sublinhou a importância de parar a exploração das grandes empresas fósseis e do agronegócio, assim como a demarcação dos territórios indígenas.
Os barcos seguiram pelos rios Guamá e Guajará até à Vila da Barca, onde muitos moradores vivem sem saneamento básico, uma realidade que a organização da flotilha denunciou. Raoni Metuktire reiterou a sua oposição à prospeção de petróleo perto da foz do rio Amazonas, afirmando ter conversado com o Presidente Lula sobre o assunto.
No dia anterior, Metuktire juntou-se a líderes indígenas para denunciar a exploração que a Petrobras realiza em áreas oceânicas, a cerca de 500 quilómetros da foz do Amazonas. Esta região, considerada “altamente vulnerável” pelos ambientalistas, é rica em biodiversidade e abriga várias reservas ambientais e territórios indígenas.
A pressão sobre a Petrobras aumentou após a empresa ter iniciado, no final de outubro, a fase exploratória de um poço a 175 quilómetros da costa amazónica, tendo obtido autorização da autoridade ambiental brasileira. A empresa espera confirmar o potencial petrolífero da Margem Equatorial, uma área que considera promissora em termos de reservas, mas que suscita preocupações ambientais significativas.
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Cimeira dos Povos Cimeira dos Povos Cimeira dos Povos Nota: análise relacionada com Cimeira dos Povos.
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Fonte: Sapo





