Acordo COP30: Pequenos Avanços em Tempos de Divisão Geopolítica

A 30.ª Conferência das Partes (COP30) terminou no passado sábado com um acordo que, embora considerado pouco ambicioso, foi visto como um passo positivo num contexto geopolítico cada vez mais dividido. Especialistas que acompanharam as negociações analisaram as principais vitórias e derrotas da cimeira, destacando que, apesar das limitações, a obtenção de um consenso é um sinal encorajador.

Angela Lucas, sócia da Systemic e cofundadora do fundo Land, afirmou que “foi o acordo possível”. Para Filipe Duarte Santos, presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), a cimeira, que foi apelidada de “COP da verdade” e “da implementação”, não atingiu todos os seus objetivos, mas a falta de um acordo seria um retrocesso significativo.

Bianca Chinelli, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais, sublinhou que “o pior resultado seria não chegar a acordo nenhum”, o que poderia enfraquecer as negociações climáticas. Apesar de não ser um acordo forte, a sua existência é um sinal de progresso.

Um dos pontos críticos da COP30 foi a ausência de um roteiro para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, uma proposta apoiada por mais de 80 países. Angela Lucas destacou que a resistência dos países produtores de petróleo impediu avanços significativos nesta área. Além disso, a falta de um plano para reverter a desflorestação, que contava com o apoio de mais de 90 países, foi também uma derrota notável.

Para abordar essas preocupações, foi introduzido o “Acelerador Global da Implementação”, um processo que visa reduzir a discrepância em relação ao objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C. Filipe Duarte Santos considerou “positivo” o compromisso da presidência em continuar a trabalhar fora dos mecanismos da convenção para descontinuar o uso de combustíveis fósseis.

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A Declaração de Belém, que reúne 24 países dispostos a aumentar a cooperação para eliminar os combustíveis fósseis, também foi um ponto de destaque. A primeira Conferência Internacional para a Eliminação Progressiva dos Combustíveis Fósseis está agendada para abril de 2026 na Colômbia.

As dinâmicas de negociação na COP30 foram marcadas por tensões, com a delegação da União Europeia a reunir-se de madrugada para discutir o acordo final. A falta de união entre os países da UE, com vozes dissonantes como Itália e Polónia, enfraqueceu a sua posição negocial.

Filipe Duarte Santos observou um “grande entendimento” entre China e Índia durante as negociações, o que é um sinal importante para os países em desenvolvimento. A ausência dos Estados Unidos, que se retiraram das negociações climáticas sob a presidência de Donald Trump, também teve um impacto significativo na dinâmica do multilateralismo.

Angela Lucas destacou que, apesar das dificuldades, o processo multilateral tem contribuído para melhorar o panorama climático. Desde o Acordo de Paris em 2015, as emissões globais de dióxido de carbono diminuíram de um aumento de quase 2% ao ano para cerca de 0,3%. Embora ainda distante do ideal de 1,5°C, as projeções atuais apontam para um aumento de temperatura global entre 2,1 e 2,5°C até 2100.

Leia também: O impacto das políticas climáticas na economia global.

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Fonte: ECO

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