Professores universitários adotam ChatGPT como assistente educativo

Um estudo recente da Católica Porto Business School, desenvolvido em colaboração com Badar Usman, intitulado “Beyond the Classroom: Faculty Experiences and Institutional Readiness in Integrating ChatGPT into Business Education”, revela que os professores universitários estão a integrar o ChatGPT nas suas práticas pedagógicas. Esta ferramenta de inteligência artificial tem-se tornado um assistente pessoal valioso, permitindo aos docentes preparar aulas, criar exercícios e, acima de tudo, poupar tempo.

Os resultados do estudo mostram que a adoção do ChatGPT está a ocorrer de forma discreta, com os professores a explorarem a ferramenta individualmente, sem um guia claro. Muitos deles reconhecem a dificuldade em distinguir entre o uso aceitável e o abuso desta tecnologia, sentindo-se, por vezes, embaraçados ao admitir que a utilizam. Apesar disso, a conclusão é clara: os docentes estão a utilizar a inteligência artificial generativa de maneira criativa e eficaz, embora enfrentem desafios relacionados com a falta de apoio das suas instituições.

Contrariamente à crença de que o ChatGPT poderia substituir os professores, o estudo indica que a ferramenta é utilizada principalmente nos bastidores, como um motor de eficiência. Os docentes aproveitam o ChatGPT para corrigir erros de linguagem, procurar exemplos relevantes, gerar feedback consistente e estruturar apresentações. Além disso, a personalização das aulas é facilitada ao introduzir o perfil dos alunos, permitindo que a ferramenta adapte casos de estudo à sua realidade.

Embora o estudo não tenha abordado a vertente investigativa do trabalho docente, vários professores mencionaram que também beneficiam do ChatGPT e de outras ferramentas como Gemini e Claude. Um dos entrevistados resumiu bem a situação: o ChatGPT é “como o Excel” – uma competência essencial que todos os professores devem dominar. Esta ferramenta alivia os docentes de tarefas repetitivas, permitindo-lhes concentrar-se na interação humana e na facilitação de discussões significativas em sala de aula.

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No entanto, a utilização do ChatGPT também gera ansiedade. Os professores inquiridos notam que os alunos já utilizam a ferramenta há mais tempo e, muitas vezes, com mais confiança. O desafio reside na forma como os alunos a utilizam, já que existem casos de dependência excessiva, onde os trabalhos se tornam superficiais e genéricos. Há também preocupações com a autenticidade dos trabalhos, uma vez que se torna difícil verificar a identidade do autor.

Em resposta a estas dificuldades, os professores estão a adaptar-se. Estão a substituir os trabalhos de casa por apresentações em sala, projetos práticos e discussões, onde a presença e o raciocínio dos alunos são essenciais. Esta adaptação ocorre de forma isolada, com os docentes a reinventarem a avaliação por necessidade.

Uma das descobertas mais relevantes do estudo é o que os autores chamam de “vazio institucional”. A adoção do ChatGPT está a ser feita de forma experimental e solitária, com muitos professores a aprenderem por tentativa e erro. A falta de políticas claras, diretrizes éticas e formação específica é evidente. Cada área disciplinar tem necessidades distintas, e essa nuance não está a ser abordada nas discussões sobre o uso da IA.

Os docentes pedem espaços para partilhar boas práticas e aprender uns com os outros, algo que ainda não é uma prioridade em muitas instituições. Para que as escolas de negócios possam tirar partido do potencial da IA e mitigar os seus riscos, é fundamental que definam políticas de uso ético e aceitável, ofereçam formação prática adaptada a cada área e criem fóruns de partilha de experiências.

O avanço dos alunos na utilização de ferramentas de IA é inevitável. A questão não é se os professores devem usar estas tecnologias, mas como podem fazê-lo para melhorar a sua prática docente e preparar melhor os alunos para um futuro onde a IA será omnipresente. O estudo demonstra que a vontade e a criatividade dos professores estão presentes; agora, cabe às instituições preencher o vazio e apoiar esta transição.

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Fonte: Sapo

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