Henrique Gouveia e Melo, candidato às presidenciais de 2024, expressou a sua preocupação com o estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS), apelando a uma reforma profunda na área da saúde. Em entrevista ao Diário de Notícias, Gouveia e Melo destacou que, apesar do investimento duplicado na saúde nos últimos dez anos, a qualidade dos serviços não acompanhou esse aumento.
Ao coordenar a campanha de vacinação contra a Covid-19, Gouveia e Melo deparou-se com um SNS “super horizontalizado”, sem uma estrutura de coordenação eficaz. “Havia demasiados príncipes e principados, e os sistemas informáticos não comunicavam entre si. Era um verdadeiro pandemónio”, afirmou. Para ele, a implementação de um único sistema de gestão seria mais racional e economicamente vantajosa.
O ex-coordenador da task force de vacinação acredita que a ineficiência do SNS é resultado de múltiplos fatores. “A negligência dos administradores, uma estrutura que favorece essa desorganização e uma legislação que permite este funcionamento contribuem para a irracionalidade administrativa”, explicou. Esta situação torna o SNS vulnerável a interesses instalados, tanto corporativos como individuais, que dificultam uma gestão eficaz e aumentam os custos para o contribuinte.
A entrevista foi publicada no mesmo dia em que o Diário de Notícias revelou que a versão final do diploma que regula a atividade dos médicos tarefeiros foi suspensa, após uma primeira versão ter sido aprovada em outubro. Esta suspensão surge como uma tentativa de evitar uma nova crise na saúde, após mais de mil médicos tarefeiros terem ameaçado paralisar as urgências do SNS por três dias, caso o diploma entrasse em vigor.
Gouveia e Melo sublinha que a reforma do SNS é urgente e necessária para garantir um sistema de saúde mais eficiente e menos suscetível a interesses que não servem o bem público. “É fundamental que se tomem decisões racionais e que se promova uma verdadeira mudança na gestão do SNS”, concluiu.
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Fonte: ECO
