A integração europeia enfrenta novos desafios que exigem uma abordagem renovada. Embora o Relatório Draghi tenha captado a atenção recentemente, é fundamental não esquecer o Relatório Letta, apresentado em abril de 2024. Este documento é considerado uma base essencial para a evolução do Mercado Único, que hoje se revela obsoleto perante um mundo em rápida transformação.
Letta sublinha que o Mercado Único, tal como o conhecemos, foi concebido numa época em que a Europa e o mundo eram diferentes. Em 1985, quando Jacques Delors apresentou o projeto, a União Europeia contava com menos de metade dos Estados-Membros atuais, e potências como a China e a Índia tinham uma presença económica insignificante. A realidade global mudou drasticamente, e a Europa precisa de se adaptar a essa nova dinâmica.
A conclusão é clara: a Europa necessita de um novo impulso para aprofundar a sua integração e recuperar a sua relevância na economia global. Este desafio não se limita ao contexto interno, mas estende-se à forma como a Europa se relaciona com potências emergentes que já não estão apenas a surgir, mas a afirmar-se de forma contundente.
O Relatório Draghi retoma as ideias de Letta, mas com um foco mais claro em ações concretas. As prioridades incluem a inovação tecnológica, a criação de uma nova política industrial, a melhoria da produtividade e a necessidade de uma união bancária eficaz. Além disso, Draghi destaca a importância de aumentar o investimento público e de reavaliar a concertação social, tudo com o objetivo de inverter a tendência de estagnação económica.
Contudo, um ano após a apresentação do Relatório, Draghi reconhece que pouco progresso foi feito. Durante uma recente cerimónia de entrega do Prémio Princesa de Astúrias de Cooperação Internacional, ele reiterou a urgência de acelerar o projeto europeu e a necessidade de uma ação conjunta entre os Estados-Membros. Para isso, é crucial ultrapassar as limitações do atual modelo de governança europeia.
Dada a dificuldade em avançar rapidamente para um federalismo total, devido às assimetrias económicas e políticas, a solução proposta é um “federalismo pragmático”. Este modelo deve ser flexível e focar em questões concretas, permitindo que os Estados-Membros atuem de forma mais ágil, à margem dos processos decisórios mais lentos da União Europeia. Assim, poder-se-á avançar para uma Europa a várias velocidades.
Este reconhecimento de que as decisões tomadas após a queda do bloco soviético, que priorizaram o alargamento em detrimento do aprofundamento da integração, foi uma escolha errada, é um passo importante. A Europa precisa de se reinventar para enfrentar os desafios do século XXI e garantir um futuro mais coeso e competitivo.
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Fonte: Sapo





