O almirante Henrique Gouveia e Melo revelou que a sua decisão de se candidatar à presidência de Portugal surgiu após ler uma notícia que indicava que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa pretendia travar a sua candidatura. No livro “Gouveia e Melo – As Razões”, Gouveia e Melo partilha que ficou “danado” ao tomar conhecimento de que Marcelo queria a sua recondução como chefe da Armada para evitar a sua entrada na corrida presidencial.
A notícia, publicada no Expresso em outubro de 2024, sugeria que Marcelo pretendia manter Gouveia e Melo na liderança da Armada, mas este só aceitaria essa proposta se houvesse um investimento significativo na força naval, incluindo a compra de novos submarinos. O almirante, que já tinha insinuado anteriormente tentativas de travar a sua candidatura, desta vez aponta diretamente para o Presidente da República e o Governo.
Gouveia e Melo critica a falta de interesse do Governo e do Presidente em questões de defesa, afirmando que a intenção era mantê-lo “amarrado” à Marinha, sem lhe dar poder real. “Essas pessoas verdadeiramente não me conheciam… essa é a única coisa que eu nunca faria: ser príncipe só para cortar fitas”, desabafa.
O ex-chefe da Marinha, que também liderou o processo de vacinação contra a covid-19, considera que a estratégia de travar a sua candidatura falhou. “Decidi entrar no campo das verdadeiras decisões, a política”, afirma, sublinhando a sua vontade de contribuir para a mudança.
No livro, Gouveia e Melo critica o que considera ser um “autismo” do poder político face às mudanças globais, mencionando a possibilidade de reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos como um exemplo. “Se os senhores não estão sequer preocupados, ficar não faz sentido”, conclui.
O almirante também recorda uma frase de Marcelo Rebelo de Sousa que o incomodou, relacionada com a sucessão do almirante Mendes Calado como chefe da Marinha. Gouveia e Melo afirma que essa declaração foi “verdadeiramente assassina” e que não empurrou ninguém, como foi sugerido.
Relativamente às presidenciais de 18 de janeiro, Gouveia e Melo considera que o seu “principal adversário” não são os outros candidatos, mas sim o “preconceito travestido de democracia”. Em resposta a críticas de Luís Marques Mendes sobre a sua candidatura representar um risco para a democracia, o almirante apenas comentou que o candidato “tinha ensandecido por momentos”.
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Fonte: Sapo





