No mais recente episódio do podcast Mais Valia, Gonçalo Nascimento Rodrigues, consultor em Finanças Imobiliárias, teve como convidado Vítor Reis, arquiteto e consultor técnico no Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). A conversa centrou-se na crise da habitação em Portugal, onde Reis apresentou uma análise crítica das políticas habitacionais que contribuíram para a atual situação.
Vítor Reis argumentou que a inacessibilidade do mercado de arrendamento resulta de um foco excessivo em políticas que promovem a habitação própria. “Durante décadas, Portugal concentrou-se em fomentar a habitação própria, e isso levou a uma saturação do mercado de arrendamento”, explicou. O arquiteto destacou que, na viragem do milénio, o país atingiu uma taxa de 75% de habitação própria, o que deixou o parque habitacional destinado ao arrendamento praticamente vazio.
A mudança de paradigma começou com o fim da bonificação dos juros no crédito à habitação em 2002, que resultou na falência de muitas empresas de construção. “Assistimos a uma transição da expansão urbana para a reabilitação urbana, mas a política fiscal do Governo de 2015 travou este progresso”, afirmou Reis. Para ele, esta abordagem prejudicou o sucesso das reformas no arrendamento.
Outro ponto crítico abordado por Vítor Reis foi a questão da imigração. Ele observou que, entre 2011 e 2017, foram disponibilizadas mais 140 mil casas para arrendamento, mas a abertura das portas à imigração desenfreada gerou uma pressão demográfica insustentável. “A saúde, a educação e os serviços estão a colapsar, e a habitação é a primeira a estourar”, alertou.
Reis sublinhou a necessidade urgente de reformas nas políticas habitacionais. “O Estado deve afastar-se da produção de habitação e permitir que o mercado se ajuste”, defendeu. Para ele, é fundamental repensar as estratégias que têm sido adotadas para que a crise da habitação possa ser efetivamente resolvida.
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Fonte: Doutor Finanças
