No último ano, Portugal atravessou um período de mudanças políticas e económicas significativas. O governo de Luís Montenegro, da coligação Aliança Democrática (AD), liderada pelo PSD, foi eleito há exatamente um ano. Durante este período, diversos indicadores económicos demonstraram tanto evoluções positivas como desafios persistentes. Além disso, o país enfrenta atualmente uma crise política, o que adiciona ainda mais incerteza ao cenário governativo.

Indicadores Económicos: O que Mudou com o PSD?
Nos últimos 12 meses, houve alguns indicadores económicos com melhorias. Em primeiro lugar, o rendimento médio mensal líquido subiu 6,8%, passando de 1.070€ para 1.142€, o que reflete um ligeiro aumento do poder de compra dos trabalhadores. Por outro lado, a dívida pública reduziu-se em 2,6 pontos percentuais, de 97,9% para 95,3% do PIB, um dado relevante que pode indicar uma gestão mais eficiente das contas públicas.
Além disso, Portugal conseguiu subir 3 posições no ranking mundial de competitividade, passando do 39.º para o 36.º lugar. Podemos atribuir este avanço a diversos fatores, como o crescimento económico, melhorias na produtividade e um ambiente mais favorável aos negócios.
Outro indicador positivo foi a redução da taxa de privação material e social severa, que caiu 0,6 pontos percentuais, de 4,9% para 4,3%. Isto significa que um menor número de pessoas enfrenta dificuldades extremas para satisfazer necessidades básicas, como a alimentação, habitação e aquecimento.
Por fim, um dos problemas crónicos do sistema nacional de saúde registou uma melhoria: o número de utentes sem médico de família reduziu-se em 5,1%, passando de 1,65 milhões para 1,56 milhões. Apesar disso, o acesso aos cuidados de saúde continua a ser uma preocupação importante para muitos cidadãos.
Os Desafios: Impostos, Despesa Pública e Habitação
Por outro lado, existem desafios que permanecem ou até se agravaram. Em primeiro lugar, a carga fiscal aumentou 2 pontos percentuais, atingindo agora 37,8% do PIB. Este aumento significa que os contribuintes estão a pagar uma percentagem ainda maior dos seus rendimentos em impostos, o que tem impacto no consumo e no investimento.
Além disso, a despesa pública subiu 6,3%, passando de 29 mil milhões de euros para 31 mil milhões. Embora este aumento possa estar relacionado com o reforço de serviços públicos básicos, como a saúde e educação, também levanta questões sobre a sustentabilidade das contas públicas a longo prazo.
Outro fator que continua a preocupar os portugueses é o preço da habitação. O valor de venda das habitações por metro quadrado aumentou 10,8%, atingindo uma mediana de 1.819€. Esta subida significa que, para muitas famílias, comprar casa está cada vez mais difícil, especialmente em grandes centros urbanos onde os preços são ainda mais elevados.
Entretanto, Portugal caiu 9 posições no Índice de Perceção da Corrupção, descendo do 34.º para o 43.º lugar. Este recuo pode afetar a confiança dos cidadãos nas instituições e influenciar a atratividade do país para investidores estrangeiros.
Por fim, outro dado preocupante é a ligeira queda do investimento, que registou uma redução de 0,4 pontos percentuais, passando de 20,1% para 19,7% do PIB. Esta descida pode refletir um menor dinamismo económico e alguma incerteza por parte das empresas quanto ao futuro.
O Impacto da Crise Política do Governo PSD
Além dos desafios económicos, a instabilidade política tem sido um fator adicional de incerteza. Nos últimos meses, as tensões internas no governo liderado pelo PSD e disputas no parlamento têm levantado dúvidas sobre a continuidade do atual executivo. Com o risco de eleições antecipadas em cima da mesa, há receios de que a incerteza política possa afetar a confiança dos investidores e atrasar decisões importantes para o país.
Conclusão
Portugal apresenta sinais mistos na economia. Por um lado é certo que houve melhorias no rendimento médio dos trabalhadores, na competitividade e na redução da pobreza extrema. No entanto, por outro lado, a carga fiscal aumentou, os preços da habitação continuam a subir e a perceção da corrupção piorou. Com a crise política a adicionar mais um fator de incerteza, os próximos meses serão determinantes para perceber se estas tendências se consolidam ou se haverá mudanças significativas no rumo do país.
Fonte
Os dados apresentados foram retirados de um relatório produzido pelo portal maisfactos.pt, com base em informações do INE, BdP, IMD, SNS, Eurostat e Transparência Internacional.